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sexta-feira, 26 de julho de 2013

Um dever dos pais: a confissão dos filhos

O IV Concílio de Latrão, em 1215, produziu o célebre decreto: "Todos os fiéis devem confessar seus pecados ao menos uma vez por ano, desde que tenham uso da razão".

O cristão deve se confessar desde que tenha uso da razão. Porém, um pai não pode dizer a seu filho: "Veja, quando tiveres uso da razão, terás que confessar-te". É, então, aos pais de família que corresponde uma obrigação específica: a de fazer com que seus filhos se confessem apenas quando contarem idade para fazê-lo.


Que é "idade da razão"?

Pode-se dar a seguinte definição prática: idade da razão é a época da vida na qual começamos a distinguir o bem do mal. Porém, esse discernimento não chega subitamente, ao contrário, é como uma pessoa sonolenta que custa a sair da cama: abre um olho, fecha-o, emite umas palavras, volta a dormir, e por fim se levanta.

Assim acontece no despertar da razão do pequenino: através de uma multidão de pequenas observações, os pais poderão concluir que a razão finalmente foi adquirida.


Diz-se comumente a idade de sete anos, porém é claro que é muito menos preciso na realidade, e muitas vezes mais cedo que isso. Não espere que seu filho seja completamente razoável, mas aproveite os momentos de razão para enviá-lo ao confessionário. Segundo essa regra, alguns poderão enviá-los aos cinco anos enquanto outros esperarão até os sete ou oito anos. Em caso de dúvida, o melhor juiz é o sacerdote.


Sentido do pecado

Sabemos que o papel da mãe é primordial na educação espiritual. Sem dúvida, o pai também tem um importante ofício, porém é claro que frequentemente é a mãe quem educa a santidade na medida da sua própria santidade. Por conseguinte, uma mãe que se confessa bem, ela mesma, saberá inculcar aos filhos o sentido do pecado.

O pecado! Recordemo-nos das palavras de Blanca de Castilla a seu filho: "Preferiria ver-te morto a meus pés que culpável de um só pecado mortal". Vocês poderiam dizer isso com toda sinceridade, queridos pais?

Na oração da noite em família, os pequeninos devem aprender a fazer seu exame de consciência e a pedir perdão imediatamente a Nosso Senhor: tudo isso é fácil, simples, e prepara eficazmente a recepção do sacramento da penitência.

Entretanto, sem esperar a noite, e tão-pouco sem obsessão, mostrem que isso está bem e aquilo está mal, que o Bom Deus tudo vê, que Jesus morreu na Cruz para reparar esse pecado, que é preciso fazer sacrifícios para não deixá-Lo sofrer sozinho, etc.

Alguns adultos se confessam muito mal porque nunca compreenderam o que é uma ofensa a Deus; então se acusam de erros, ou contam sua vida, porém não tem o sentido do pecado. É então na mais tenra idade que isso deve ser ensinado aos pequeninos, e eles compreendem muito bem.

Temos aqui um pequenino na idade da razão, e desejoso de confessar-se. Vocês logo o lançariam ao confessionário? Não! É preciso prepará-lo.

Espírito sobrenatural e sentido comum! A mãe deve demonstrar isso a seu filho. Deve lhe recordar o que é a confissão, ajudando-lhe a fazer seu exame de consciência – se for necessário, com papel e caneta. Muitos pequeninos têm a consciência fina e resistem a essa intromissão. Nesse caso, não se deve forçar. Digam: "A mim não faz falta que digas tudo, mas ao padre é preciso dizer tudo. O padre é como Jesus".

Contudo, isso não é o essencial; insistam mais sobre a contrição profunda por amor a Deus e a dor de tê-Lo ofendido, assim como no propósito de não voltar a pecar.

É mui prudente que os pais avisem ao sacerdote que se trata de uma primeira confissão. E não mais que isso. Não se pode misturar as coisas, fazendo perguntas indiscretas como: "Disseste bem tal pecado? Que te disse o padre? Disseste isso?...".

Da mesma forma, não perguntem ao padre se "foi tudo bem". Que querem que responda ele, que está obrigado ao segredo mais estrito, mesmo com as almas dos pequeninos? Pais indiscretos poderiam dar a pensar que o segredo da confissão não é tão absoluto, que pode haver um consabido entre o padre e eles: seria muito mal.

O papelzinho com os pecados escritos é como uma muleta, da qual se deve aprender a prescindir. De fato, é a mãe que geralmente escreve de acordo com os pecados que verifica em seu filho; porém, que mãe vê todos os pecados de seu filho? O pequenino, quando utiliza o papelzinho, se confessa com palavras de adulto; mas compreende bem o que diz? Faz relação concreta entre seus pecados e a leitura da listinha? Ademais, é a primeira vez que lhe fazem falar com um papel. Deve-se admitir que é algo artificial. Ensinem-lhes, pois, rapidamente a acusar-se da maneira mais natural para uma criança, que é oralmente e de memória. As perguntas do padre serão a tabela de salvação para os mais tímidos.


Ação de graças

Depois da confissão, muitos pequeninos se esquecem de fazer sua penitência e não fazem nenhuma ação de graças. Aqui também incumbe a vocês, pais, o estar presentes e serem vigilantes, ao menos a princípio: ajudem discretamente a essa alminha pura a agradecer ao Bom Deus por tão grande benefício. É, diga-se de passagem, no recolhimento do pequeno penitente donde muitas vezes podemos medir o espírito de fé dos pais.

A maioria dos pequeninos se confessa unicamente porque os mandam, e nunca o fariam por eles mesmos. É preciso fazer com que eles valorizem a dignidade do sacramento e saibam o quão gratos devem ser a Deus por este enorme dom que lhes permite purificar suas almas.


Frequência

Confessar-se muitas vezes em um curto espaço de tempo é arriscar-se à rotina e à superficialidade; fazê-lo muito raramente é privar-se de muitas graças. Para evitar esses dois inconvenientes, uma confissão por mês parece ser um bom propósito: faz criar um bom hábito e não gera a ideia de obrigação pesada. Uma vez por mês para os pequeninos, uma vez por semana para os adolescentes: é uma frequência que aporta muitas vantagens.

Não é raro, lamentavelmente, ver jovens que abandonam a prática regular dos sacramentos no momento em que mais necessitam. O que acontece aí?

Uma das razões é a falta de estima da confissão. Ao invés de considerar o Bom Pastor que os espera com amor, esses pobres jovens não veem mais que uma formalidade fria, cada vez mais fastidiosa, a qual deve cumprir unicamente para agradar a mãe ou ao sacerdote. Por isso, façam tudo o que podem para que esse sacramento tão importante na vida seja amável e desejável em si mesmo e em todas as circunstâncias. Não esqueçamos nunca que nada pode substituir o motor por excelência de toda educação: o exemplo dos pais.


Abbé Guillaume d'Orsanne
Tradução: Carlos Wolkartt

Acesse o Artigo Original: http://blog.christifidei.com/2013/04/um-dever-dos-pais-confissao-dos-filhos.html#ixzz2ZFicQe00

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