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sábado, 16 de janeiro de 2016

A PEQUENA VIRTUDE DA CORTESIA








A PEQUENA VIRTUDE DA CORTESIA





Numa carta dirigida a Mme. De Chantal*, São Francisco de Sales escrevia: “Cortesia, pequena virtude, mas sinal de outra muito grande... E é necessário que nos exercitemos nas pequenas virtudes, sem as qual as grandes muitas vezes são falsas e enganosas”


Com efeito, é raro que alguém se extasie diante de uma pessoa discretamente afável e polida. No entanto, essa afabilidade e essa polidez supõem uma vigilância e um domínio de si mesmo pouco comuns.


Ora, há um certo número de pequenas virtudes que, à semelhança da cortesia, não provocam uma admiração ruidosa; mas, quando faltam, as relações entre homens se tornam tensas, penosas e até tempestuosas, a ponto de terminarem às vezes em desastre. Estas “pequenas virtudes” são precisamente as que tornam aceitável e grata nossa vida de todos os dias. E este é o motivo pelo qual quis dedicar estas páginas às pequenas virtudes dos lares cristãos. (...)


Na verdade, não é entre as quatro paredes da sala em que a família se encontra que se deve observar a lei de Jesus Cristo? (...) É agradabilíssimo o lar em que todos se esforçam por ser corteses e acolhedores; os nossos ancestrais diziam “polidos”. Ser polido, como a própria palavra indica, significa suavizarmos as asperezas do nosso caráter. (...) Mas acontece que a polidez é muitas vezes considerada como artigo de exportação. Somos corteses e afáveis com as pessoas de fora, mas, quando entramos em casa, não nos importamos com nada. Afinal de contas, não voltamos para casa para nos distendermos e descansar?


De acordo, desde que a mola, ao distender-se, não salte bruscamente e acabe por ferir alguém. Para descansar, será indispensável levantarmos excessivamente a voz ou assumir ares carrancudos? Franzir as sobrancelhas ou “fechar a cara não são sinais de uma verdadeira descontração, ao passo que o sorriso, as pequenas delicadezas e o antecipar-se aos desejos dos outros criam no lar uma atmosfera de repouso e de serenidade. (...)


Cristo quer que respeitemos em qualquer homem a sua dupla dignidade de ser racional e de filho de Deus. Todo o homem, seja qual for a sua condição, tem direito à nossa consideração. E não é possível definir melhor a cortesia. 


O lar de cada um será um lar cristão se nele todos rivalizaram em delicadezas uns para com os outros. Respeitemos os anciãos, cujos cabelos embranqueceram; tenhamos presente a fraqueza deles a quem devemos aconselhar ou repreender; levemos em conta a fadiga daqueles que se fecham demasiado em si mesmos. Extirpemos do nosso vocabulário e das nossas atitudes as rudezas que bloqueiam os profundos sentimentos de afeto que nutrimos habitualmente uns pelos outros.


Quereis esforçar-vos nisso ao longo dessa semana? Eu vos prometo oito dias de felicidade.






* Mme. De Chantal é Santa  Joana Francisca de Chantal, que era dirigida espiritualmente por São Francisco de Sales.






Excerto do livro "As pequenas virtudes do lar" de Georges Chevrot
 







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