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segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

ELES PERTENCEM AO MUNDO - Parte I





 


 

 

 ELES PERTENCEM AO MUNDO

Parte I



Uma parte, e talvez a maior parte das pessoas, está totalmente envolvida com as coisas deste mundo. E neste largo número, existem aqueles que se julgam felizes por terem suprimido todo e qualquer sentimento de religiosidade, todo e qualquer pensamento sobre a vida eterna, aqueles que fizeram de tudo que estava em seu poder, para apagar da memória, a terrível recordação do Julgamento, no qual um dia, todos nós teremos que nos apresentar e prestar contas. Durante o curso de suas vidas, eles usam de tudo quanto é artimanha, e frequentemente até suas posses, para atrairem para o seu modo de vida, tantos quanto puderem. Eles já não acreditam em mais nada. Aliás, eles até sentem um certo orgulho em se exibirem mais ímpios e incrédulos do que realmente são, para poderem convencer os outros a acreditarem, não em verdades, mas sim em falsidades, que vão fincando raízes nos corações daqueles que são influenciados por eles.

Durante um jantar que Voltaire deu num certo dia para seus amigos,- um bando de ímpios- ele rejubilou-se porque entre todos os presentes não havia um sequer que acreditava na religião. Embora no fundo, ele próprio ainda acreditava. Tanto é verdade, que ele demonstrou isso claramente na hora de sua morte. Naquele momento crucial, ele ordenou com grande pressa que um sacerdote fosse levado à sua presença para reconciliar-lhe com Deus. Mas foi tarde demais!

Deus, contra Quem ele havia lutado e falado mal com tanta fúria durante toda a sua vida, agiu com ele do mesmo modo como agiu com Antíoco. Deus simplesmente o abandonou à fúria dos demônios. Naquele momento de pavor, Voltaire possuía apenas o desespero e o pensamento da condenação eterna que lhe estava destinada. O Espírito Santo nos diz: " O tolo diz em seu coração: não existe Deus". Mas é apenas a corrupção de seu coração que o leva a cometer tais excessos. No fundo, no fundo, ele não acredita nisso. Ou seja, aquelas palavras: "Deus existe", nunca desaparecerão inteiramente de seu coração. O pior dos pecadores sempre proferirá o nome de Deus, mesmo sem pensar no que está dizendo! Mas deixemos esses blasfemos de lado. Felizmente, apesar de vocês não serem tão bons cristãos como deveriam ser, graças a Deus, vocês não estão entre esse tipo de gente.


Mas então vocês me perguntarão, afinal quem são essas pessoas que estão parcialmente do lado de Deus e parcialmente do lado do mundo? Bem, meus caros filhos, permita-me descrevê-los. Eu vou compará-los, se me permitirem usar o termo, com cachorros que correm atrás do primeiro que os chamar ou lhes acenar. Vocês podem segui-los do amanhecer até o fim do dia, do início do ano até o final. Estas pessoas veem o Domingo simplesmente como um dia de descanso ou de lazer. Nesse dia, eles ficam mais tempo na cama do que nos dias de semana, e ao invés de se entregarem a Deus de todo o seu coração, eles nem sequer pensam no Altíssimo. Alguns deles estarão o tempo todo pensando em como será o seu "dia de lazer", outros estarão pensando nas pessoas que irão encontrar e ainda outros, nas vendas que irão fazer, ou no dinheiro que esperam gastar ou receber. É com grande dificuldade que essas pessoas fazem o Sinal da Cruz, e quando o fazem, fazem de um modo desleixado. Por outro lado, já que irão à Missa mais tarde, elas simplesmente negligenciam as orações que todos os dias deveriam fazer, usando como desculpa:

-Oh! Eu terei tempo de sobra para fazê-las antes da Missa!

Essas pessoas sempre tem algo mais importante a fazer antes de se prepararem para ir à Missa e apesar de terem planejado rezar um pouco antes de saírem para a Igreja, dificilmente conseguem chegar a tempo para o início da Missa. Se encontram um amigo ao longo do caminho, não têm o menor escrúpulo em voltar para casa com o tal amigo e deixarem a Missa para outra ocasião.

Mas porque ainda querem se parecer "bons cristãos", tais pessoas acabarão por irem à Missa talvez algum tempo mais tarde, embora sempre o fazendo com relutância e achando um infinito aborrecimento. Durante a Missa, o único pensamento que lhes ocorre é aquele: "Ó meu Deus, será que essa Missa não acaba nunca?!" Você pode também observá-los dentro da Igreja, especialmente durante a homilia, olhando sempre de um lado para outro, perguntando à pessoa do lado pelas horas e assim por diante. Uma boa parte delas, fica folheando o Missal como se estivessem procurando por algum erro de impressão. Há outras que podemos ver dormindo e até mesmo roncando como se estivessem confortavelmente deitadas numa cama. Quando acordam assustadas, o primeiro pensamento que lhes vem em mente, não é aquele de terem profanado um local santo, mas sim este:

- Oh meu Deus! Esse padre ainda está falando? Será que esse sermão não termina mais? Desse jeito eu não volto mais!

E finalmente existe também aqueles para quem a Palavra de Deus (que tem convertido tantos pecadores) é verdadeiramente nauseante. Eles não tem vergonha de dizer que são obrigados a sair pelo menos por alguns minutos da Igreja, "para poder respirar um pouco", caso contrário eles morreriam! Você sempre os verá desinteressados e tristes durante as Missas. Mas espere pra ver quando a celebração terminar! Frequentemente, mesmo antes do sacerdote deixar o altar, eles já estarão com um pé fora da porta de entrada. Serão sempre os primeiros a abandonar a assembleia e qualquer um perceberá que toda aquela alegria que haviam perdido durante a Missa, subitamente voltou!

Geralmente essas pessoas estão sempre tão cansadas, que nunca terão forças para retornarem para qualquer outra atividade durante a noite: Vigílias, Adoração Solene do S.Sacramento... etc. E se você lhes perguntar, por que elas não compareceram, elas simplesmente responderão:

- "Ah! Você também não quer que eu passe o dia inteiro na Igreja, não é? Afinal, tenho outras coisas para fazer!"

Para tais pessoas, não existe nada que se aproveite nas homilias, nem no Rosário ou nas Orações Noturnas. Elas veem essas coisas como simples consequências. Se você lhes perguntar o que foi dito durante a homilia, elas sempre responderão:

- Ah! O Padre não fez outra coisa a não ser gritar muito durante o sermão... foi enjoativo demais... eu não consigo me lembrar de absolutamente nada.... ah! se ele não tivesse sido tão demorado, eu ainda poderia me lembrar de alguma coisa... tá vendo porque todo o mundo não gosta de ir à Missa? É porque ela é comprida demais!

Pelo menos uma coisa esta pessoa disse certo: "todo o mundo", porque tais pessoas pertencem à classe dos "mundanos", embora eles próprios não saibam disso. 
***

Excertos do  Sermão de São João Maria Vianney, o Santo Cura d’Ars
 
 
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