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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

AS VIRTUDES DE NOSSA SENHORA - Parte 6









VI. SUA CASTIDADE


Depois  da  queda  de  Adão,  rebelara-se  os  sentidos  contra  a  razão,  e  não  há  para  o  homem  mais  difícil virtude a praticar do que a castidade. Diz Santo Agostinho: “por ela luta -se todos os dias, mas raramente se ganha a vitória”.

Mas o Senhor nos deu em Maria um grande modelo dessa virtude. Ela, com razão, é chamada Virgens das Virgens e isso porque sem conselhos, nem exemplos de outros, foi a primeira a oferecer a virgindade a Deus, dando lhe assim as outras virgens que a imitaram.


Na opinião de um santo, é Ela a açucena entre os espinhos, porque as outras virgens, em oposição a Maria, são espinhos para si e para os outros. Maria, com sua só presença, insinuava a todos pensamentos e afetos de pureza.

Diz São Tomás: “A beleza da Santíssima Virgem despertava em quantos a viam o amor à pureza.”

S. Jerônimo diz que São José conservou a virgindade pela companhia de Maria. Respondendo a heresia de Elvídio que negava a virgindade da Mãe de Deus, disse o Santo Doutor: “Dizes que Maria não foi sempre Virgem; mas eu vou mais longe e afirmo que também José permaneceu virgem por causa de Maria”.

Na  opinião  de  S.  Gregório  Nazianzeno,  a  Santíssima  Virgem  era  tão  amante  dessa  virtude,  que  para conservá-la, estaria pronta a renunciar à dignidade da Mãe de Deus. É  isso  que  se  deduz  da  pergunta  de  Maria  ao  arcAnjo:  “Como  se  fará  isso,  pois  não  conheço  varão?”  (Lc1,34).  O  mesmo  afirma  a  resposta  que  deu:  “Faça-se  em  mim  segundo  a  vossa  vontade”.  Com  esses  termos significa que dá o seu consentimento, por ter sido certificada pelo Anjo que se tornaria Mãe, unicamente, por obra do Espírito Santo.

Na frase de S. Ambrósio: “é um Anjo quem guarda a castidade, e é um demônio quem a perde”.

Diz  São  Belarmino  com  os  mestres  da  vida  espiritual  que  é  preciso  empregar  meios  para  manter  esta virtude da castidade.

São esses os meios: o jejum, a fugida das ocasiões e a oração. Sob  o  jejum  entende-se  a  mortificação,  principalmente  dos  olhos  e  da  gula.  Maria  Santíssima,  embora cheia da divina graça, foi mortificadíssima nos olhos. Trazia-os sempre baixos e nunca os fixava em pessoa alguma, desde  pequenina,  causava  admiração  a  todos  por  sua  modéstia.  Por  isso  foi  apressadamente  em  visita  a  Isabel (Lc1,39), para ser menos vista em público.

Foi revelado a um ermitão (pessoa que se isola numa vida de oração e penitência)  que Maria quando criança, só tomava leite uma vez por dia. Durante toda a sua vida jejuou sempre. Diz São Gregório, que jamais teria recebido a Virgem tantos e tamanhos favores, se não tivesse sido tão temperante, pois a gula e a graça não se dão bem.

A fugida das ocasiões  é o segundo meio  para vencer o vício. Assim falam os provérbios: “O que evita os laços estará em segurança” (11,5).

Maria  fugia,  tanto  quanto  possível  à  vista  dos  homens,  como  indica  a  pressa  com  que  foi  visitar  a  sua prima.  Aqui adverte um autor que ela  deixou Isabel, antes de esta dar à luz, como  se conclui das palavras de S. Lucas: E ficou Maria com Isabel perto de três meses; depois voltou para sua casa. Entretanto completou-se o tempo de Isabel dar à luz, e deu a luz um filho (Lc1, 56-57).

E porque não esperou? A fim de evitar as conversas e as visitas que se sucederiam então em casa de Isabel.

O  terceiro  meio  é  a  oração:  Sem  trabalho  e  contínua  oração  a  nenhuma  virtude  chegou  a  Santíssima Virgem,  como  consta  de  uma  revelação  sua  a  S.  Isabel. 

Diz  S.  João  Damasceno:  “Mas  quem  a  ela recorre, basta pronunciar-lhe o nome para ser livre desse vício.”




Excerto do Livro “Glórias de Maria”
 de Santo Afonso de Ligório











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