Cor durum male habebit in novissimo; et qui amat periculum, in illo peribit —”O coração endurecido será oprimido de males no fim da vida; e quem ama o perigo perecerá nele” (Ecclus. 3, 27).
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1. Ez 7, 25.
2. Ez 7, 26.
Fonte: http://www.saopiov.org/2013/08/angustias-da-alma-descuidada-na-hora-da.html#ixzz2buXOhu1t
Sumário. Ai do que resiste durante a vida aos convites de Deus!
Desgraçado do que cai no leito com a alma em pecado e dali passa à
eternidade! O anúncio da morte já próxima, o pensamento de ter de deixar
o mundo, as tentações do demônio, os remorsos da consciência, o tempo
que já falta, o rigor da justiça divina e mil outras coisas produzirão
uma perturbação tão horrível, que pela confusão do espírito a conversão
será quase impossível. Meu irmão, para não morreres de morte tão triste,
teme agora viver vida pecaminosa!
I. Presentemente os pecadores afastam a lembrança e o pensamento da
morte e assim procuram a paz na vida pecaminosa que levam, muito embora
nunca a hajam de encontrar. Quando, porém, estiverem nas angústias da
morte, próximos a entrar na eternidade: “ao sobrevir-lhes a angústia, buscarão a paz, e não haverá paz” — angustia superveniente, requirent pacem, et non erit
(1). Então não poderão escapar aos tormentos de sua má consciência.
Procurarão a paz; mas que paz poderá encontrar uma alma, vendo-se
carregada de pecados, que, como outras tantas víboras, a mordem por toda
a parte? Que paz, em pensar que dentro de poucos instantes deve
comparecer perante o Juiz, Jesus Cristo, cujas leis e amizade desprezou
até então!
Conturbatio super conturbationem veniet (2) — “A um susto sucederá outro susto”.
O anúncio já recebido da morte próxima, o pensamento de se dever
separar de todas as coisas do mundo, as tentações do demônio, os
remorsos da consciência, o tempo perdido, o tempo que falta, o rigor do
juízo divino, a eternidade desgraçada reservada aos pecadores, todas
estas coisas produzirão uma perturbação terrível, que lançará a confusão
no espírito e aumentará a desconfiança. E é neste estado de confusão e
de desconfiança que o moribundo passará à outra vida. — Com efeito, a
experiência ensina que as almas desleixadas na hora da morte nem sabem
responder às perguntas que o sacerdote faz, e se confundem. Assim muitas
vezes o confessor lhes dá a absolvição, já não porque as julga bem
dispostas, mas porque não há mais tempo a perder.
Se alguma vez se têm visto pecadores moribundos chorarem, fazerem
promessas e pedir perdão a Deus, diz com razão um autor que, geralmente
falando, tais promessas, lágrimas e orações são como as de um homem
atacado pelo seu inimigo, que lhe põe o punhal sobre o coração e o
ameaça de morte. — Desgraçado, pois, do que em vida se endurece e
resiste aos apelos de Deus; desgraçado do que cai no leito com pecado
mortal na alma e dali passa à eternidade!
II. Meu irmão, se porventura tu também és uma daquelas almas que têm a
consciência desmazelada, procura quanto antes remediar tão grave mal.
Para não morreres má morte, teme viver má vida. Quem te dá a certeza de
que não morrerás fulminado por um raio, de uma sufocação, de um ataque
de apoplexia? E ainda que na morte tivesses tempo para te converter,
quem te garante que deveras te converterás e farás uma boa confissão?
Oh, quantos daqueles que se iludiram com a ideia de se converterem na
hora da morte estão agora ardendo no inferno!
Ó chagas de meu Jesus, vós sois minha esperança. Desperaria do perdão de meus pecados e da minha salvação eterna se não erguesse os olhos para vós, fontes de misericórdia e de graça, pelas quais um Deus derramou todo o seu sangue, para lavar a minha alma de tantas faltas cometidas. Adoro-vos, ó chagas sagradas e em vós confio. Detesto mil vezes e amaldiçoo os prazeres indignos pelos quais causei desgosto a meu Redentor e perdi miseravelmente a sua amizade. Olhando para vós, avivam-se as minhas esperanças e para vós dirijo os meus afetos.Meu amado Jesus, mereceis que todos os homens Vos amem, e Vos amem de todo o coração; e eu Vos ofendi tanto e tanto desprezei o vosso amor. Não obstante isso, Vós me tendes suportado e com tão grande piedade convidado ao perdão. Ah, meu Salvador, não permitais que Vos ofenda outra vez e que me condene. Que tormento seria para mim no inferno a vista de vosso sangue e de tantas misericórdias que me fizestes! Amo-Vos e sempre quero amar-Vos. Dai-me a santa perseverança. Desprendei o meu coração de todo o amor que não seja para Vós e inspirai-me um verdadeiro desejo e a resolução de não amar de hoje em diante senão a Vós, ó meu soberano Bem! — Ó Maria, minha Mãe, atraí-me para Deus e fazei que eu seja todo d´Ele antes de morrer.
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1. Ez 7, 25.
2. Ez 7, 26.
(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do
Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o
fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p.
27-30.)
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