A PEQUENA VIRTUDE DA CORTESIA
Numa carta dirigida a
Mme. De Chantal*, São Francisco de Sales escrevia: “Cortesia, pequena virtude,
mas sinal de outra muito grande... E é necessário que nos exercitemos nas
pequenas virtudes, sem as qual as grandes muitas vezes são falsas e enganosas”.
Com efeito, é raro que
alguém se extasie diante de uma pessoa discretamente afável e polida. No entanto,
essa afabilidade e essa polidez supõem uma vigilância e um domínio de si mesmo
pouco comuns.
Ora, há um certo número
de pequenas virtudes que, à semelhança da cortesia, não provocam uma admiração
ruidosa; mas, quando faltam, as relações entre homens se tornam tensas, penosas
e até tempestuosas, a ponto de terminarem às vezes em desastre. Estas “pequenas
virtudes” são precisamente as que tornam aceitável e grata nossa vida de todos
os dias. E este é o motivo pelo qual quis dedicar estas páginas às pequenas
virtudes dos lares cristãos. (...)
Na verdade, não é entre
as quatro paredes da sala em que a família se encontra que se deve observar a
lei de Jesus Cristo? (...) É agradabilíssimo o lar
em que todos se esforçam por ser corteses e acolhedores; os nossos ancestrais
diziam “polidos”. Ser polido, como a
própria palavra indica, significa
suavizarmos as asperezas do nosso caráter. (...) Mas acontece que a polidez
é muitas vezes considerada como artigo de exportação. Somos corteses e afáveis
com as pessoas de fora, mas, quando entramos em casa, não nos importamos com
nada. Afinal de contas, não voltamos para casa para nos distendermos e
descansar?
De acordo, desde que a
mola, ao distender-se, não salte bruscamente e acabe por ferir alguém. Para descansar,
será indispensável levantarmos excessivamente a voz ou assumir ares
carrancudos? Franzir as sobrancelhas ou “fechar a cara não são sinais de uma
verdadeira descontração, ao passo que o sorriso, as pequenas delicadezas e o
antecipar-se aos desejos dos outros criam no lar uma atmosfera de repouso e de
serenidade. (...)
Cristo
quer que respeitemos em qualquer homem a sua dupla dignidade de ser racional e
de filho de Deus. Todo o homem, seja qual for a sua condição, tem direito à
nossa consideração. E não é possível definir melhor a
cortesia.
O lar de cada um será
um lar cristão se nele todos rivalizaram em delicadezas uns para com os outros.
Respeitemos os anciãos, cujos cabelos embranqueceram; tenhamos presente a
fraqueza deles a quem devemos aconselhar ou repreender; levemos em conta a
fadiga daqueles que se fecham demasiado em si mesmos. Extirpemos do nosso vocabulário
e das nossas atitudes as rudezas que bloqueiam os profundos sentimentos de
afeto que nutrimos habitualmente uns pelos outros.
Quereis esforçar-vos
nisso ao longo dessa semana? Eu vos prometo oito dias de felicidade.
* Mme. De Chantal é Santa Joana Francisca de Chantal, que era dirigida espiritualmente por São Francisco de Sales.
Excerto do livro "As pequenas virtudes do lar" de
Georges Chevrot
Visite nossos blogs associados:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Este blog é eminentemente de caráter religioso e comentários que ofendam os princípios da fé católica não serão admitidos. Ao comentar, tenha ciência de que os editores se garantem o direito de censurar.