Salve Maria,
Daremos sequência à publicação de textos retirados do livreto do Pe. Quadrupani: "Direção para viver cristãmente". São dicas valiosas, instrutivas e animadoras para nos auxiliar na prática da vida cristã. Aproveitem!
Viva Cristo Rei!
DIREÇÃO PARA VIVER CRISTÃMENTE
Rev. Padre Quadrupani - Barnabita.
Capítulo II – Relações com o próximo
As relações gerais que nos unem com o próximo são ou de justiça, ou de caridade, e encerram, por conseguinte, os deveres do coração, do espirito, dos entretenimentos, das posses de cada um e da sociedade. Do coração na pureza dos afetos; do espirito na fuga dos juízos e suspeitas temerárias; dos entretenimentos para evitar as palavras injuriosas e a maledicência: dos bens, para a conveniente e bem ordenada distribuição das esmolas; e da sociedade para torná-la virtuosa e amável. Toquemos rapidamente todos esses pontos.
COM QUE AMOR DEVEMOS AMAR O PRÓXIMO - PARTE II:
continuação...
9 – 0 amor deve ser constante, porque o fim para que
amamos é constante. Se o próximo vos ofendeu, não deixa por isso de ser obra de
Deus, destinada a possuí-lo, e como tal não perdeu
o direito de ser por vós amado.
Podeis aborrecer o joio que cresce
n’um terreno inculto, mas não o
terreno mesmo, o qual se fosse
bem cultivado produzia bom trigo.
10 — Todavia não está em nossa mão o deixar de sentir
certa
repugnância para com nossos ofensores;
porém uma coisa é sentir, outra cousa é consentir: quando Deus nos manda amar os nossos inimigos
e os que nos ofenderam, é à parte superior do nosso
espirito e à vivacidade da nossa
fé que ele dirige esse mandamento,
e não ao nosso apetite sensitivo.
11 — Além disso, este amor
deve ser universal e, portanto,
assemelhar-se ao orvalho benfazejo
que cai igualmente sobre as
rosas e sobre os espinhos; sobre
os palácios dos ricos, como sobre
a humilde cabana dos pobres. Se
da fé excluirmos um só artigo,
deixa de ser verdadeira fé; o mesmo
acontece à caridade fraternal, se dela excluirmos uma só pessoa.
12 — Este amor, porém, ainda
que universal, admite, em quanto aos seus graus, maior ou menor
intensidade, segundo as afeições
ditadas pela natureza, pela gratidão e outros motivos honestos.
É' por isso, diz S. Tomás, que
os laços do sangue, e os que existem entre os indivíduos de um
mesmo país, que receberam a mesma educação, e
que
tem inclinações semelhantes, tornam mais
forte para com certas pessoas o amor,
cujo principio procede de Deus e
nele acaba; e segundo essas
relações estimam-se e amam-se mais
os parentes, os benfeitores, as
pessoas sábias e virtuosas, numa
palavra, aqueles que estão mais
próximos a nós ou a Deus.
13 — Finalmente o amor do
próximo deve ser eficaz, isto é,
deve socorrer quanto pode o
nosso próximo em suas necessidades.
O fogo que não queima, diz São
Gregório, não é fogo; do mesmo
modo é o amor : se ele não opera
e não faz bem, quando
pode, ao próximo necessitado, deixa de ser
amor.
14 - Não devemos recusar os
testemunhos comuns da civilidade e da caridade
nem aos nossos inimigos nem aos que nos ofenderam; antes devemos estar
prontos a socorrê-los de uma maneira
especial, quando precisarem.
15 — Ainda que sejam proibidos o ódio interior e a excessiva
repugnância contra as pessoas más e as que nos ofenderam, todavia a circunspecção (precaução no agir e no falar) algumas vezes não o é; antes é nessa ocasião o efeito de uma
prudência indispensável.
Há pessoas com quem se não pode viver
em paz, sem que se viva longe
delas. Neste caso a distância é
um ato de prudência e não de
inimizade. Quem há aí que não fuja de um
doente empestado e contagioso? Ora,
neste caso não é o
ódio que nos faz fugir do doente, mas sim
o medo da doença. A caridade leva-nos a
amar nossos irmãos e a
fazer-lhes bem, mas não
a proteger os maus, nem a expor
a inocência e a simplicidade dos bons às
suas maldades e enganos.
Sede simples como a pomba, diz Jesus Cristo, mas
também sede
prudentes como a serpente.
16 - Tende cuidado em que
uma oculta e sutil paixão vos
não apresente debaixo de
uma prudência razoável aquilo que talvez
proceda de um secreto rancor.
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