ELES PERTENCEM AO MUNDO
Parte III
Pobres mundanos! Quão infelizes vocês são! Sigam em frente com esse modo de vida e vocês não terão nada a ganhar senão o Inferno! Alguns de vocês até gostariam de frequentar o Sacramento da Confissão, pelo menos uma vez ao ano, mas para isso, primeiramente gostariam de encontrar um confessor daqueles bem complacentes. Imagine... até gostariam... se isso fosse todo o problema!
Suponhamos que encontrem um confessor que perceba que suas disposições não são boas, ou seja, falta-lhes o arrependimento e a contrição, e que portanto se recuse a dar-lhes a absolvição! Imediatamente se põem a falar mal do confessor, procurando se justificarem a si próprios pelo fato de terem tentado e falhado em obter o Sacramento. Com certeza, tais pessoas falarão muito mal daquele confessor, apesar de terem pleno conhecimento de seu estado pecaminoso e de saberem muito bem porque o confessor recusou a dar-lhes a absolvição . De todo modo, eles sabem bem que o confessor não pode fazer nada para conceder aquilo que eles querem e ainda assim elas não se dão por satisfeitas em sair espalhando suas mentiras!
Continuem assim, filhos deste mundo! Continuem nessa rotina; vocês vão ver um dia aquilo que jamais desejariam ver! Eu sei que vocês gostariam de repartir seus corações em dois! Mas não tem jeito, meus amigos: ou é tudo pra Deus ou é tudo para o mundo.
Vocês querem receber com frequência os Sacramentos? Muito bem, pois então, abram mão das danças, dos cabarés e das diversões pecaminosas! Hoje vocês possuem a graça em grau suficiente para virem até aqui, apresentarem-se voluntariamente no Tribunal da Penitência, ajoelhar-se diante da Mesa Sagrada e partilhar do Pão dos Anjos. Daqui há três ou quatro semanas, talvez até menos, vocês já serão vistos passando as noites ao lado dos bêbados, e o que é pior, se entregando aos mais horríveis atos de impureza! Pois continuem assim, filhos deste mundo! Logo, logo vocês estarão no Inferno! Lá eles ensinarão a vocês tudo que deveriam ter feito para conseguir o Céu, que vocês acabaram perdendo inteiramente por sua própria culpa!
Ai de vocês, filhos deste mundo! Continem assim; sigam o mestre que vocês tem seguido até agora! Muito cedo vocês perceberão o quão errados vocês foram ao seguir esses caminhos. Mas será que isso os fará mais sábios? Infelizmente não. Se alguém nos trai uma vez, nós logo dizemos:
- Nunca mais voltarei a confiar nele novamente!
E com razão! Mas o mundo nos trai continuamente e mesmo assim continuamos a amá-lo. São João nos adverte em sua Primeira Epístola: "Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo não está nele o amor do Pai."Ah! meus caros filhos, se nós tivéssemos a menor ideia do que é o mundo, passaríamos nossas vidas em dar-lhe adeus.
Quando uma pessoa atinge a idade de quinze anos, ela dá adeus aos tempos de sua infância, ela olha para trás e vê quão efêmeras e bobas eram as brincadeiras infantis de como construir castelinhos de areia.
Aos trinta, a pessoa começa a deixar de lado os prazeres consumistas da juventude leviana. Aquilo que dava tanto prazer nos dias de juventude, começa a tornar-se aborrecido. Se formos pensar bem, meus amigos, todos os dias estamos dando adeus a este mundo. Somos como viajantes que desfrutam da beleza da paisagem apenas enquanto estão viajando. Mais cedo do que esperamos, veremos o tempo que deixamos para trás.
E é exatamente a mesma coisa com os prazeres e bens dos quais nos tornamos tão apegados. Chegará o dia em que a Eternidade jogará todas essas coisas num profundo abismo. E então, meus caros irmãos, o mundo desaparecerá para sempre diante dos nossos olhos e reconheceremos a nossa loucura em termos sido tão apegados a uma realidade que passa.
E a respeito de tudo o que nos foi dito sobre o pecado? Só então veremos que era tudo verdade! Coitado daquele que tiver vivido somente para o mundo! Aquele que não buscou outra coisa senão o mundo em tudo aquilo que fez... De repente todos os prazeres e alegrias do mundo já não mais existem!
Tudo estará escapulindo de suas mãos: o mundo, suas alegrias, todos os prazeres que ocupavam seu coração e o que é pior: também sua alma!
***
Excertos do Sermão de São João Maria Vianney, o Santo Cura d’Ars
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