MÁXIMAS ETERNAS
Meditações para cada dia da semana
Por
Santo
Afonso Maria de Ligório
Atos de preparação às meditações
1. Alma minha reaviva tua Fé, porquanto te
achas diante de teu Deus. Adora-O profundamente.
2. Humilha-te aos pés de Deus e peça-Lhe, do
fundo do coração, perdão.
3. Procura Luz em Deus por amor de Jesus
Cristo. Recomenda-te a Maria Santíssima e aos Santos com uma Ave-Maria, Glória
ao Pai, etc.
MEDITAÇÃO PARA QUARTA FEIRA:
Sobre a Morte
Considera como esta
vida há de acabar. A sentença proferida: “você
tem que morrer. A morte é certa, mas não se sabe em que momento virá. O que se
requer para morrer? Uma parada do coração, o rompimento de uma veia no peito,
uma sufocação por catarro, um bocado de algo da garganta a mordedura de um animal
venenoso, uma febre, uma picada, uma chaga, uma inundação, um terremoto, um
relâmpago, bastam para tirar-te a vida. A morte te assaltará quando menos
pensares. Quantos, à noite, puseram-se a dormir e de manhã, foram encontrados
mortos. E então, isso pode ocorrer contigo também. Tantos dos que morreram de
repente não pensavam em morrer assim; mas assim morreram e, se morreram em
pecado, aonde estão agora? E onde estarão por toda a eternidade? Mas, de
qualquer maneira haverá de chegar o dia em que verás a anoitecer mas não o
amanhecer ou far-se-á dia mas a noite não verás”.
“Virei às escondidas, como a um ladrão à noite” diz Nosso Senhor (Mt
24,46-44). Isto foi, avisado pelo teu bom Senhor, pois que ama tua saúde
espiritual. Correspondas a Deus, aproveite de seu aviso, prepara-te a bem
morrer, antes que a morte chegue: “Estote
parati” (Lc 12,40). É certo que
tens de morrer.
Acabara tua cena no
palco da vida e não sabes quando. Quem sabe se em um ano, um mês, ou até mesmo
amanhã. “Meu Jesus, dai-me Luz e perdoa-me”. Considere que na hora da
morte estarás estendido em teu leito, assistido por um sacerdote que te
lembrará de tua alma, com teus parentes, ao lado de ti, chorando... Com um
crucifixo na cabeceira e uma vela aos pés, já próximo de passares para a
eternidade... Tu sentirás a cabeça doendo, a visão turva, a língua seca, as
mandíbulas fechadas, o peito pesado, o sangue gelado, a carne consumida, o
coração trespassado: Deixarás tudo para trás e pobre, e nú, serás jogado numa
vala; aqui os vermes em os ratos roerão toda a tua carne e não restará de ti
senão um bocado de pó fedorento e alguns ossos carcomidos. Abra uma fossa e
veja o que restou daquele ricaço, daquele avarento, daquela mulher vã! Assim
acaba a vida. Na hora da morte ver-te-ás rodeado de demônios que te porão face
a face com todos os teus pecados, desde quando eras criança. Pois bem, saiba
que o demônio para induzir-te a pecar, cobre e perdoa a culpa; te diz que
aquela vaidade, aquele prazer, aquele rancor, nada têm de mal; que aquela conversa
nada teve de malévolo... Mas na hora da morte te fará conhecer a gravidade de
teu pecado é, a luz daquela eternidade para a qual hás de passar, conhecerás o
mal que fizestes para ofender um Deus infinito... Vamos pois, remedia em tempo,
agora que o podes, porquanto, então, não haverás mais tempo.
Considera como a
morte é um momento do qual a eternidade depende. Jaz o homem perto de morrer e,
por conseguinte, vizinho a uma das duas eternidades; do último suspiro depende
a sorte de estar a alma a salvo ou danada para sempre, momento do qual depende
uma eternidade; uma eternidade de glórias ou de penas. Uma eternidade sempre
feliz ou infeliz: ou de contentamentos ou de angústias e ansiedade. Uma
eternidade gozando de todo o bem ou padecendo de todo o mal. Um paraíso ou um
inferno, pela eternidade.
Se naquele momento te
salvares, não terás mais problemas, viverás contente e beato; mas se perdes a
oportunidade serás feliz e desesperado enquanto que Deus será sempre Deus. Na
morte conhecerás o que significa paraíso, inferno, pecado, ofender a Deus, lei
de Deus desprezada, pecados sem confissão, coisas a restituir. “Mísero de mim!” dirá o moribundo. “Daqui a poucos momentos comparecerei perante
o Senhor e sabe-se lá qual será minha sentença. Para onde irei, para o Paraíso
ou para o inferno? Gozar entre os anjos ou arder entre os danados? Serei, eu,
um filho de Deus ou um escravo do demônio? Em poucos minutos sabe-lo-ei e, ai
de mim, onde alojarei da primeira vez, ali ficarei em eterno. Ah...Daqui a
algumas horas, alguns minutos, o que será de mim? O que acontecerá comigo se
não ressarcir aquele dano, se não restituir aquilo que não é meu, se não
restituir a fama a quem a fez perder, se, de coração, não perdoar ao meu
inimigo, se não me confessar bem?”. Então detestarás mil vezes aquele dia em
que pecaste, aquele gosto, aquela vingança... O arrependimento será tardio e sem
frutos porquanto vindo do temor do castigo e não do amor a Deus”. Ah Senhor,
deste momento converto-me a Vós, não
quero esperar a morte; eis que, agora, eu Vos amo, vos abraço e quero
morrer abraçado a Vós. Maria minha mãe, fazei-me morrer sob Vosso manto,
ajudai-me!
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