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terça-feira, 11 de outubro de 2016

Sobre a vida familiar.


Salve Maria!

Finalmente encaminho a tradução de um lindo e muito útil sermão proferido no Domingo depois da Ascensão/2016, pelo Re. Pe. Altamira que trata sobre a vida familiar.

Peço a Deus que possamos dirigir nossas vidas catolicamente, amando-O em primeiro lugar, buscando sempre a Verdade, guardando a Fé e trabalhando diariamente nossa emenda e santificação para a salvação de nossas almas. Sem ilusões, sem apegos e sem perda de tempo.

Viva Cristo Rei!









SERMÃO DO DOMINGO DEPOIS DA ASCENSÃO 

Rev. Pe. Altamira
(Bogotá, 2016)


Queridos filhos:

Neste “Domingo depois da Ascensão”, queria lhes fazer uma breve homilia comentando algumas passagens da Epístola da Missa de hoje, e, dentre tantas coisas que se poderiam dizer, relacionar esta epístola com os problemas “atuais” que pesam sobre, padecem ou suportam nossas famílias: Queria fazer uma aplicação deste texto para a vida familiar.

Trata-se da Primeira Epístola do Apóstolo São Pedro (Pe 4,7-11), carta do primeiro Papa da História. Já algumas vezes temos dito que as famosas “Encíclicas” dos Papas são também “cartas”, cartas a todo o Orbe católico. Utilizaremos, então, esta “Encíclica do Papa São Pedro”. Veremos algumas poucas passagens desta epístola e faremos alguns comentários.

Estote prudentes et vigilate in orationibus”: Sede prudentes e vigiai na oração.

Sede prudentes”, diz São Pedro; e, ao contrário de “sermos prudentes”, temos muitas coisas para dizer sobre a vida familiar. Não é prudente deixar que os filhos (ou até os esposos) se entretenham com joguinhos de computador ou de celular. “Lá estão o dia inteiro...”; na realidade, não devem ficar nem trinta minutos com esses joguinhos!

Existem famílias que têm seus filhos viciados nestes jogos, “passam toda a noite jogando, horas e horas”; e existem mães que já não sabem o que fazer. Um jovem chegou a dizer algo assim como que “jogar em rede”, eu não sei qual desses jogos, e disse que isso era “a finalidade de sua vida”, ou seja... Que “finalidade de uma vida” é um joguinho eletrônico?

Além disso, esses joguinhos destroem a capacidade intelectual de seus filhos; depois se tornam incapazes de se concentrar, incapazes de passar horas estudando com um livro (como muitas vezes há que se fazer; todos sabemos disso).

E o que ocorre se a esses joguinhos somarmos todas as outras coisas que existem para “nos fazer de bobos e cordeiros”? (Existem pessoas más que pensam nestas coisas, que as criam e as fomentam).

E que outras coisas existem? “É que agora vejo filmes por internet, por Youtube, por Netflix, até os vejo em meu celular”. E outra vez: “Estão o dia todo vendo filmes”. E, sem falar nas coisas indecentes que se mostram e ensinam nos filmes, considerem a perda de tempo que isso significa!  

E não é só isso, senão que agora posso ver, e vejo, os desenhos japoneses Animé pela internet, no meu celular”. Queridos filhos, o “fenômeno Animé” não é normal! O grau de aprisionamento, a forma como ficam “grudados” e absolutamente presos os seus filhos com esses desenhos não é normal: Lá existe algo estranho (eu não sei se diabólico).

Existem mães que têm seus filhos assim (como que viciados) e não sabem o que fazer com eles, nem como tirá-los disso. Além disso, essa indústria japonesa de Animé oferece de tudo; e, pelo que me disseram, também oferece — desculpem dizer — pornografia da pior espécie, em desenhos animados.

E vocês permitem que seus filhos vejam isso?!?
“Mas é que isso não é tudo, padre: também tenho que me ocupar com o Facebook, o Whatsapp, o Twitter, os bate-papos, o meu e-mail, os vídeos graciosos do Youtube, os sites que vejo na internet”; a lista é interminável.

A outra parte da frase mencionada diz “vigilate in orationibus”, “vigiai na oração”, ou melhor, “nas orações”. O verbo “vigilare” em latim significa, entre outras coisas, estar despertos (em vigília). Se preferirem, o sentido seria passar mais tempo na oração, e, porque não, despertar-se antes para rezar. E a palavra está no plural, “nas” orações; e se a consideramos em sentido amplo, podemos abarcar: a Santa Missa (assistir as Missas durante a semana), o Santo Rosário todos os dias, a Leitura da Sagrada Escritura, a vida e os escritos dos santos etc.

Nas famílias, a proposta de São Pedro é: “Vigiar na oração”.

Rezar cada dia o Santo Rosário? Nada. Passar horas com o que acabamos de dizer da internet? Isso sim.

Ante omnia autem, mutuam in vobismetipsis caritatem continuam habentes, quia caritas operit multitudinem peccatorum”: Mas antes de tudo, tenham mútua caridade entre vós, porque a caridade faz desaparecer [ante Deus] uma multidão de pecados.

Também mil coisas para dizer.

Reina a caridade dentro de suas famílias, a caridade (o respeito e o amor) dos filhos para com os pais, a caridade dos irmãos entre si? Ou são como essas famílias em que estão todos brigados ou brigando uns com os outros, todos desunidos?

Entre os problemas que trazemos por termos tido o pecado original, temos nosso maldito egoísmo, pensar mais em si mesmo do que nos outros: “primeiro eu, segundo eu, terceiro eu”.

Todos nós devemos trabalhar combatendo nosso egoísmo, para tratar de arrancá-lo. E se o relacionarmos de novo com o que dizíamos acima: ao invés de compartilhar em família, ao invés de dialogar na mesa, ao invés de aproveitar os momentos familiares de encontro (o almoço e o jantar), não, isso não. E todos ficarão em “seus” mundos, respondendo ao chat no almoço, vendo os emails no almoço, assistindo a filmes à mesa.

Egoísmo por estar em “seu” mundo da internet e não compartilhar em família; todo o dia com seu “super-celular-moderno”.

Hospitales invicem sine murmuratione”: Sendo hospitaleiros (amáveis, diligentes) uns com os outros, sem murmuração. Somos hospitaleiros dentro da família ou somos incapazes de fazer um favor ao outro? De buscar algo, de ajudar com algo, de alcançar algo que nos pedem o papai, a mamãe ou um de nossos irmãos? Ou se o fazemos, o fazemos com “murmuração”, nos queixando ou protestando?

Os esposos são amáveis, atentos, diligentes com suas esposas? As esposas o são com seus maridos?

Os filhos são diligentes com sua mamãe quando ela lhes pede alguma coisa, ou caem na murmuração e protestam porque ela lhes pede algo?

Fazem o contrário do que diz a epístola da Missa de hoje, ao invés de fazê-lo sine” murmuratione (sem murmuração) o fazem cum” murmuratione (com murmuração, protestando)?

Ajudem em suas casas sem protestar. Sejam respeitosos com seu papai e com sua mamãe, obedientes com eles, fazendo as coisas que eles vos pedem.

Com relação a esta última questão (respeito e obediência com os pais), agora diremos a vocês várias coisas que estão na Sagrada Escritura sobre respeitar os pais etc.: (Eclo 7,29-30) “De todo coração honra a teu pai e não esqueças as dores de tua mãe. Lembre-se de que lhes deve a vida. Como poderás pagar-lhes o que têm feito por ti?”.

Agora, três frases fortíssimas dos castigos aos filhos que pecam contra seus pais:
1) (Deut 27,16) “Maldito quem desonre a seu pai ou sua mãe. E todo o povo responderá: Amém”.
2) (Provérbios 30,17) “Os olhos de quem zomba do pai, de quem se recusa obedecer sua mãe: os corvos da torrente os arrebatarão, os filhos da águia os devorarão.
3) (Eclo 3,14-18) “Como um blasfemo é quem abandona a seu pai, E SERÁ MALDITO DO SENHOR QUEM IRRITA A SUA MÃE”.

E agora os “prêmios” para os filhos que são respeitosos com seus pais: (Eclo 3,4-11) “Aquele que honra a seu padre expia seus pecados, e o que honra a sua mãe é como aquele que guarda tesouros. Aquele que honra a seu pai se regozijará em seus filhos e será escutado no dia de sua oração [quantas vezes nossas avozinhas ou nossas mamães, quando a elas faltávamos com o respeito, nos diziam, como uma profecia, que o mesmo aconteceria conosco depois que tivéssemos nossos filhos!]. Aquele que honra a seu pai terá vida longa [o prêmio por ser respeitosos é ter uma vida longa, mas podemos pensar que talvez aqui haja uma ameaça “ao contrário”: os filhos que são desrespeitosos com seus pais morrerão rapidamente, antecipadamente]. Aquele que obedece ao Senhor é o consolo de sua mãe. Aquele que teme ao Senhor honra a seu pai e SERVE COMO SENHORES AOS QUE LHE ENGENDRARAM. De obra e de palavra honra a teu pai, para que venha sobre ti bênção”.

Também “ao contrário”, podemos pensar que virá “maldição” sobre o filho que é mal-educado com seus pais. E, seguindo com este tema, acrescenta aqui a Escritura: “Porque a bênção de pai afiança a casa do filho, e a maldição de mãe a destrói até seus cimentos”.

Sobre o prêmio que há, AINDA NESTA VIDA, por serem respeitosos com o papai e com a mamãe, temos uma frase de São Paulo aos Efésios (6,2-3), que se relaciona com o que foi dito, e que diz: “Honra a teu pai e a tua mãe, é o primeiro mandamento acompanhado de uma promessa, PARA QUE SEJAS FELIZ E TENHAS VIDA LONGA sobre a terra”.

Outra vez: Cuidado!, os filhos desrespeitosos, pode lhes acontecer o contrário do prêmio que está aqui prometido. E Monsenhor João Straubinger, comentando isto, disse: (nota 6,2) “É notável o parêntese que São Paulo introduz aqui na frase do Quarto Mandamento, para destacar que é o primeiro (e único) a cujo amor [o amor e respeito aos pais] nos estimula Deus, por uma promessa de felicidade ainda temporal [ainda na terra]. Sem dúvida interessa ao Divino Pai [a Deus] ver honrada a paternidade [ver que os pais sejam honrados por seus filhos…”].

Como conclusão, queremos voltar para as ideias do início do sermão: ao estarmos distraídos com bagatelas, todo o dia pensando e gastando nosso tempo com bobagens, e jamais com coisas sérias, jamais com as coisas de Deus, com o fim de nossas vidas, jamais com as coisas que perdurarão, com as coisas eternas. Como diz o profeta na Sagrada Escritura: “A terra está desolada, porque ninguém reflete em seu coração”; tudo é movimento, tudo é atividade, agitação, superficialidade. Somos “superficiais”; e não somos pessoas “profundas”.

E assim, como diz tão belissimamente esse Hino de Vésperas: “DUM NIL PERENNE COGITAT, SESEQUE CULPIS ILLIGAT”, “como não pensa (ou não pensamos) em nada perene (em coisas eternas, nas coisas da eternidade), ata-se a si mesmo com culpas (com pecados)”. (Hino Lucis Creator Optime). Ou seja: Não pensamos em nada eterno, tudo é passageiro, pensamos e gastamos nossa vida no efêmero; e, por não ter nossa mente no eterno, cometemos pecados e nos ligamos a eles, “ílligat”.

Com isto, ao invés de levar uma bela vida familiar, segundo Deus e segundo seu Catolicismo, nossas vidas se vão por pistas contrárias, por pistas modernas, pelas bobagens do mundo moderno.

Termino com uma última frase da epístola de São Pedro, frase da Missa de hoje. Se estas palavras serviram, a palavra de ordem deverá ser, de hoje em diante, a de levar vidas plenamente católicas em nossas famílias, UT IN ÓMNIBUS HONORIFICETUR DEUS, para que em tudo seja Deus honrado, para que em tudo o que fazemos em nossa família seja Deus glorificado, PER IESUM CHRISTUM DOMINUM NOSTRUM: por Jesus Cristo Nosso Senhor.

AVE MARIA PURÍSSIMA.

Traduzido por Carla d’Amore



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