Salve Maria!
Finalmente encaminho a tradução de um lindo e muito útil sermão proferido no Domingo depois da Ascensão/2016, pelo Re. Pe. Altamira que trata sobre a vida familiar.
Peço a Deus que possamos dirigir nossas vidas catolicamente, amando-O em primeiro lugar, buscando sempre a Verdade, guardando a Fé e trabalhando diariamente nossa emenda e santificação para a salvação de nossas almas. Sem ilusões, sem apegos e sem perda de tempo.
Viva Cristo Rei!
SERMÃO DO DOMINGO DEPOIS DA ASCENSÃO
Rev. Pe. Altamira
(Bogotá,
2016)
Queridos filhos:
Neste “Domingo depois da Ascensão”, queria
lhes fazer uma breve homilia comentando algumas passagens da Epístola da Missa de
hoje, e, dentre tantas coisas que se poderiam dizer, relacionar esta epístola com
os problemas “atuais” que pesam sobre, padecem ou suportam nossas famílias: Queria
fazer uma aplicação deste texto para a vida familiar.
Trata-se da Primeira Epístola do Apóstolo
São Pedro (Pe 4,7-11), carta do primeiro Papa da História. Já algumas vezes
temos dito que as famosas “Encíclicas” dos Papas são também “cartas”, cartas a todo
o Orbe católico. Utilizaremos, então, esta “Encíclica do Papa São Pedro”. Veremos
algumas poucas passagens desta epístola e faremos alguns comentários.
“Estote
prudentes et vigilate in orationibus”: Sede
prudentes e vigiai na oração.
“Sede prudentes”, diz São Pedro; e, ao
contrário de “sermos prudentes”, temos muitas coisas para dizer sobre a vida familiar.
Não é prudente deixar que os filhos (ou até os esposos) se entretenham com joguinhos
de computador ou de celular. “Lá estão o dia inteiro...”; na realidade, não devem
ficar nem trinta minutos com esses joguinhos!
Existem famílias que têm seus filhos viciados
nestes jogos, “passam toda a noite jogando, horas e horas”; e existem mães que já
não sabem o que fazer. Um jovem chegou a dizer algo assim como que “jogar em rede”,
eu não sei qual desses jogos, e disse que isso era “a finalidade de sua vida”, ou
seja... Que “finalidade de uma vida” é um
joguinho eletrônico?
Além disso, esses joguinhos destroem a capacidade intelectual de seus filhos;
depois se tornam incapazes de se concentrar, incapazes de passar horas estudando
com um livro (como muitas vezes há que se fazer; todos sabemos disso).
E o que ocorre se a esses joguinhos somarmos
todas as outras coisas que existem para “nos
fazer de bobos e cordeiros”? (Existem pessoas más que pensam nestas coisas,
que as criam e as fomentam).
E que outras coisas existem? “É que
agora vejo filmes por internet, por Youtube, por Netflix, até os vejo em meu celular”.
E outra vez: “Estão o dia todo vendo filmes”. E, sem falar nas coisas indecentes
que se mostram e ensinam nos filmes, considerem a perda de tempo que isso significa!
“E não é só isso, senão que agora posso ver, e
vejo, os desenhos japoneses Animé pela internet, no meu celular”. Queridos
filhos, o “fenômeno Animé” não é normal!
O grau de aprisionamento, a forma como ficam “grudados” e absolutamente presos os
seus filhos com esses desenhos não é normal: Lá existe algo estranho (eu não sei se diabólico).
Existem mães que têm seus filhos assim (como que viciados) e não sabem o que fazer
com eles, nem como tirá-los disso. Além disso, essa indústria japonesa de Animé oferece de tudo; e, pelo que me disseram, também oferece — desculpem
dizer — pornografia da pior espécie, em desenhos animados.
E vocês
permitem que seus filhos vejam isso?!?
“Mas
é que isso não é tudo, padre: também tenho que me ocupar com o Facebook, o Whatsapp,
o Twitter, os bate-papos, o meu e-mail, os vídeos graciosos do Youtube, os sites
que vejo na internet”; a lista é interminável.
A outra parte da frase mencionada diz “vigilate in orationibus”, “vigiai
na oração”, ou melhor, “nas orações”. O verbo “vigilare” em latim significa, entre outras coisas, estar despertos (em
vigília). Se preferirem, o sentido seria passar
mais tempo na oração, e, porque não, despertar-se antes para rezar. E a palavra está no plural, “nas”
orações; e se a consideramos em sentido amplo, podemos abarcar: a Santa Missa
(assistir as Missas durante a semana), o Santo Rosário todos os dias, a Leitura
da Sagrada Escritura, a vida e os escritos dos santos etc.
Nas famílias, a proposta de São Pedro é:
“Vigiar na oração”.
Rezar cada dia o Santo Rosário? Nada. Passar
horas com o que acabamos de dizer da internet? Isso sim.
“Ante
omnia autem, mutuam in vobismetipsis caritatem continuam habentes, quia caritas
operit multitudinem peccatorum”: Mas
antes de tudo, tenham mútua caridade entre vós, porque a caridade faz desaparecer
[ante Deus] uma multidão de pecados.
Também mil coisas para dizer.
Reina a caridade dentro de suas famílias,
a caridade (o respeito e o amor) dos filhos para com os pais, a caridade dos irmãos
entre si? Ou são como essas famílias em que estão todos brigados ou brigando uns
com os outros, todos desunidos?
Entre os problemas que trazemos por termos
tido o pecado original, temos nosso maldito
egoísmo, pensar mais em si mesmo do que nos outros: “primeiro eu, segundo eu, terceiro
eu”.
Todos nós devemos trabalhar combatendo nosso
egoísmo, para tratar de arrancá-lo. E se o relacionarmos de novo com o que dizíamos
acima: ao invés de compartilhar em família, ao invés de dialogar na mesa, ao invés
de aproveitar os momentos familiares de encontro (o almoço e o jantar), não, isso
não. E todos ficarão em “seus” mundos, respondendo ao chat no almoço, vendo os emails
no almoço, assistindo a filmes à mesa.
Egoísmo por estar em “seu” mundo da internet
e não compartilhar em família; todo o dia com seu “super-celular-moderno”.
“Hospitales
invicem sine murmuratione”: Sendo hospitaleiros (amáveis, diligentes) uns com
os outros, sem murmuração. Somos hospitaleiros dentro da família ou somos incapazes
de fazer um favor ao outro? De buscar algo, de ajudar com algo, de alcançar algo
que nos pedem o papai, a mamãe ou um de nossos irmãos? Ou se o fazemos, o fazemos
com “murmuração”, nos queixando ou protestando?
Os esposos são amáveis, atentos, diligentes
com suas esposas? As esposas o são com seus maridos?
Os filhos são diligentes com sua mamãe quando
ela lhes pede alguma coisa, ou caem na murmuração e protestam porque ela lhes pede
algo?
Fazem o contrário do que diz a epístola da
Missa de hoje, ao invés de fazê-lo “sine” murmuratione (sem murmuração)
o fazem “cum” murmuratione (com murmuração, protestando)?
Ajudem
em suas casas sem protestar. Sejam respeitosos com seu papai e com sua mamãe, obedientes
com eles, fazendo as coisas que eles vos pedem.
Com relação a esta última questão (respeito e obediência com os pais), agora
diremos a vocês várias coisas que estão na Sagrada Escritura sobre respeitar
os pais etc.: (Eclo 7,29-30) “De todo coração honra a teu pai e não esqueças
as dores de tua mãe. Lembre-se de que lhes deve a vida. Como poderás pagar-lhes
o que têm feito por ti?”.
Agora, três frases fortíssimas dos castigos aos filhos que pecam contra seus
pais:
1) (Deut 27,16) “Maldito quem desonre a seu pai ou sua mãe. E todo o povo responderá: Amém”.
2) (Provérbios 30,17) “Os olhos de quem zomba do pai, de quem se recusa obedecer sua mãe: os corvos
da torrente os arrebatarão, os filhos da águia os devorarão.”
3) (Eclo 3,14-18) “Como um blasfemo é quem abandona a seu pai, E SERÁ MALDITO DO SENHOR QUEM
IRRITA A SUA MÃE”.
E agora os “prêmios” para os filhos que são respeitosos com seus pais: (Eclo
3,4-11) “Aquele que honra a seu padre expia
seus pecados, e o que honra a sua mãe é como aquele que guarda tesouros. Aquele
que honra a seu pai se regozijará em seus filhos e será escutado no dia de sua oração
[quantas vezes nossas avozinhas ou nossas mamães, quando a elas faltávamos com o
respeito, nos diziam, como uma profecia, que o mesmo aconteceria conosco depois
que tivéssemos nossos filhos!]. Aquele que
honra a seu pai terá vida longa [o prêmio por ser respeitosos é ter uma vida
longa, mas podemos pensar que talvez aqui haja uma ameaça “ao contrário”: os filhos
que são desrespeitosos com seus pais morrerão rapidamente, antecipadamente]. Aquele que obedece ao Senhor é o consolo de
sua mãe. Aquele que teme ao Senhor honra a seu pai e SERVE COMO SENHORES AOS QUE
LHE ENGENDRARAM. De obra e de palavra honra a teu pai, para que venha sobre ti bênção”.
Também “ao contrário”, podemos pensar que
virá “maldição” sobre o filho que é mal-educado com seus pais. E, seguindo com este
tema, acrescenta aqui a Escritura: “Porque
a bênção de pai afiança a casa do filho, e a maldição de mãe a destrói até seus
cimentos”.
Sobre o prêmio que há, AINDA NESTA VIDA, por serem respeitosos
com o papai e com a mamãe, temos uma frase de São Paulo aos Efésios (6,2-3), que
se relaciona com o que foi dito, e que diz: “Honra a teu pai e a tua mãe, é o primeiro mandamento acompanhado de uma
promessa, PARA QUE SEJAS FELIZ E TENHAS VIDA LONGA sobre a terra”.
Outra vez: Cuidado!, os filhos desrespeitosos, pode lhes acontecer o contrário
do prêmio que está aqui prometido. E Monsenhor João Straubinger, comentando isto,
disse: (nota 6,2) “É notável o parêntese que
São Paulo introduz aqui na frase do Quarto Mandamento, para destacar que é o primeiro
(e único) a cujo amor [o amor e respeito
aos pais] nos estimula Deus, por uma promessa
de felicidade ainda temporal [ainda na terra]. Sem dúvida interessa ao Divino Pai [a Deus] ver honrada a paternidade [ver que os pais sejam honrados por seus filhos…”].
Como conclusão, queremos voltar para as ideias
do início do sermão: ao estarmos distraídos com bagatelas, todo o dia pensando e
gastando nosso tempo com bobagens, e jamais com coisas sérias, jamais com as coisas
de Deus, com o fim de nossas vidas, jamais com as coisas que perdurarão, com as
coisas eternas. Como diz o profeta na Sagrada Escritura: “A terra está desolada, porque ninguém reflete em seu coração”; tudo é
movimento, tudo é atividade, agitação, superficialidade. Somos “superficiais”; e
não somos pessoas “profundas”.
E assim, como diz tão belissimamente esse
Hino de Vésperas: “DUM NIL PERENNE COGITAT,
SESEQUE CULPIS ILLIGAT”, “como não pensa (ou não pensamos) em nada perene (em
coisas eternas, nas coisas da eternidade), ata-se a si mesmo com culpas (com pecados)”.
(Hino Lucis Creator Optime). Ou seja:
Não pensamos em nada eterno, tudo é passageiro, pensamos e gastamos nossa vida no
efêmero; e, por não ter nossa mente no eterno, cometemos pecados e nos ligamos a
eles, “ílligat”.
Com isto, ao invés de levar uma bela vida
familiar, segundo Deus e segundo seu Catolicismo, nossas vidas se vão por pistas
contrárias, por pistas modernas, pelas bobagens do mundo moderno.
Termino com uma última frase da epístola
de São Pedro, frase da Missa de hoje. Se estas palavras serviram, a palavra de ordem
deverá ser, de hoje em diante, a de levar
vidas plenamente católicas em nossas famílias, UT IN ÓMNIBUS HONORIFICETUR DEUS,
para que em tudo seja Deus honrado, para que em tudo o que fazemos em nossa família
seja Deus glorificado, PER IESUM CHRISTUM
DOMINUM NOSTRUM: por Jesus Cristo Nosso Senhor.
AVE MARIA PURÍSSIMA.
Traduzido
por Carla d’Amore
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