O
amor desordenado de nós mesmos leva à morte, como diz o Senhor: “O que ama (desordenadamente) a sua vida perdê-la-á; e quem
aborrece (ou mortifica) a sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida
eterna” (João 12, 25).
Desse desordenado amor,
raiz de todos os pecados, nascem as três concupiscências de que fala São João
(I João 2, 16) quando diz: “Porque tudo o que há no mundo é
concupiscência da carne, e concupiscência dos olhos, e soberba da vida; e isto
não vem do Pai, mas do mundo”.
Observa Santo Tomás que
os pecados carnais são mais vergonhosos que os espirituais porque nos rebaixam
ao nível do animal; contudo, os espirituais, os únicos que se compartilham com
o demônio, são mais graves, porque vão diretamente contra Deus e nos afastam
dele.
A concupiscência da carne é o desejo desordenado do que é ou parece
útil à conservação do indivíduo ou da espécie, e deste amor sensual provêm a
gula e a luxúria.
A concupiscência dos olhos é o desejo desordenado do que agrada a
vista, o luxo, as riquezas, o dinheiro que nos proporciona os bens terrenos;
dela nasce a avareza.
A soberba da vida é o
desordenado amor da própria excelência e de tudo aquilo que pode ressaltá-la; quem se deixa levar pela soberba, erige-se a si em seu
próprio deus, a exemplo de Lúcifer. Daí
se vê a importância da humildade, que é virtude capital, tanto quanto o orgulho
é fonte de todo pecado.
São Gregório e Santo
Tomás ensinam que a soberba é mais que
um pecado capital: é a raiz da qual procedem mormente quatro pecados capitais:
vaidade, preguiça espiritual, inveja e ira.
A vaidade é o amor desordenado de louvores e de honras; a preguiça espiritual se entristece
pensando no trabalho requerido para santificar-se; a ira, quando não é uma indignação justificada e sim um pecado, é um
movimento desordenado da alma que nos inclina a rechaçar violentamente o que
nos desagrada, de onde se seguem as disputas, injúrias e vociferações.
Estes pecados capitais, sobretudo
a preguiça espiritual, a inveja e a ira, engendram tristezas amargas que afligem a alma e são totalmente
contrários à paz espiritual e ao contentamento, ambos frutos da caridade.
Não deve o homem apenas contentar-se em moderar tais germes de
morte, senão também mortificá-los.
Excerto do livro "As três idades da
vida interior"
do Padre Reginald Garrigou-Lagrange
(Grifos
nossos)
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