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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Que é nossa vida?











“Que é nossa vida?

Assemelha-se a um tênue vapor que o ar dispersa e desaparece completamente.

Todos sabemos que temos de morrer. Muitos, porém, se  iludem,  imaginando  a  morte  tão  afastada  que  jamais houvesse de chegar.

Jó, entretanto, nos adverte, que a vida humana é brevíssima: “O homem, vivendo breve tempo, brota como flor e murcha” (Jó 14,1-2). Foi esta mesma verdade que Isaías anunciou por ordem do Senhor. “Clama — disse-lhe — que toda a carne é erva... verdadeira erva é o povo; seca a erva, e cai a flor” (Is  40,6-8).

A  vida  humana  é,  pois, semelhante à de uma planta. Chega a morte, seca a erva; acaba a vida e murcha, cai a flor das grandezas e dos bens terrenos.

A morte corre ao nosso encontro mais rápido que um  corredor.  E  nós,  a  cada instante, corremos para ela (Jo 9,25).

A cada passo, a cada respiração chegamos mais perto da morte. “Este momento em que escrevo — disse São Jerônimo — faz-me caminhar para a morte.”

“Todos temos de morrer, e nós deslizamos como a água sobre a terra, a qual não volta para trás” (2Sm 14,14). Vê como corre o regato para o  mar;  suas  águas  não  retrocedem;  assim,  meu  irmão,  passam  teus  dias  e cada  vez  mais  te  acercas da morte.

Prazeres, divertimentos, faustos, lisonjas e honras, tudo passa. E o que fica? “Só me resta o sepulcro” (Jó,  17,1).  Seremos  lançados  numa  cova  e, ali, entregues à podridão, privados de tudo.

No transe da morte, a lembrança de todos os gozos que em vida  desfrutamos  e  bem  assim das  honras  adquiridas só servirá para aumentar nossa mágoa e nossa desconfiança de obter a salvação eterna.

Dentro em breve,  o  pobre  mundano  terá que  dizer:  minha  casa, meus jardins, esses móveis preciosos, esses quadros raríssimos, aqueles  vestuários  já  não  serão  para mim! “Só me resta o sepulcro”.

Ah!  com  que  dor  profunda  há  de  olhar  para  os bens terrestres aquele que os amou apaixonadamente!

Mas essa mágoa já não valerá senão para aumentar o perigo em que se acha a salvação.

A experiência nos tem provado que tais pessoas, apegadas ao mundo, mesmo no leito da morte, só querem que se lhes  fale  de  sua  enfermidade,  dos  médicos  que  se possam consultar, dos remédios que os aliviem. Mas, logo que se trata da alma, enfadam-se e pedem descansar, porque lhes dói a cabeça e não podem ouvir conversação.

Se, por acaso, respondem, é confusamente e sem saberem o que dizem. Muitas vezes, o confessor lhes dá a absolvição, não porque os acha bem preparados, mas porque já não há tempo a perder.

Assim  costumam  morrer  aqueles  que  pensam pouco na morte. (...)”



Excerto do livro “Preparação para a morte”
de Santo Afonso Maria de Ligório

Link para download do livro completo: aqui






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