"Tua vontade racional muitas vezes é combatida pela vontade dos sentidos, de uma parte, e pela Vontade Divina, de outra. Cada qual deve vencer. É preciso que a Vontade Divina prevaleça em ti, que te exercites de muitos modos.
Primeiro: quando fores assaltada e combatida pelos apetites dos sentidos, resiste galhardamente, para que a vontade superior não consinta.
Segundo: quando estes apetites tiverem desaparecido, excita-os de novo, para reprimi-los melhor e com maior força.
Convida-os, depois, a uma terceira batalha, em que te esforçarás por afastá-los de ti com desprezo e aborrecimento.
Deves convidar os teus apetites desordenados a esta batalha, não, porém, se forem os apetites carnais, dos quais falaremos mais adiante.
Por fim, é preciso fazer atos contrários a cada uma das paixões desordenadas.
Com o seguinte exemplo, entenderás melhor.
És combatida, talvez, por movimentos de impaciência. Se deixas que esses movimentos vivam dentro de ti, repara bem como eles trabalham, de contínuo, para que a vontade superior consinta nos seus desejos.
Com um primeiro
exercício, opor-te-ás a esses apetites, e farás quanto podes para que tua
vontade não dê seu consentimento.
Mas a batalha não terminará enquanto o
inimigo, enfraquecido e quase morto, não se der por vencido. Mas repara, minha
filha, na malícia do Demônio! Quando ele vê que nos opomos galhardamente às
nossas paixões, não somente ele deixa de excitá-las em nós, mas, quando elas se
levantam, tenta aquietá-las, para que, com o exercício, não adquiramos o hábito
da virtude contrária a esta paixão.
E,
também, para nos fazer cair na vanglória e na soberba, fazendo com que pensemos
que nós, como soldados valentes, bem depressa já vencemos os nossos inimigos.
Por isso, é preciso empenhar uma segunda batalha, chamando de novo à
memória, e excitando em ti, aqueles pensamentos que te causaram impaciência, de
modo a te sentires movida na parte sensitiva. E, então, com força de vontade, e
esforço ainda maior do que antes, reprime os apetites.
Às vezes combatemos os
nossos inimigos, porque sabemos que o devemos fazer e que agradamos a Deus, mas
não os aborrecemos com todo o ódio que é preciso. Corremos, então, o perigo de
ser vencidos na próxima batalha.
Urge, por isso, que haja novo encontro e um terceiro combate, para que afastes para
longe de ti os apetites desordenados esforçando-te para por sentir, a respeito
deles, repugnância, desdém, para que afinal odeies, abomines os movimentos dos
sentidos.
Para adquirir o hábito da paciência, procederás da seguinte maneira: Se alguém te é ocasião de impaciência, por mostrar pouco apreço por ti, não basta que te exercites dos três modos de que falei. Deves amar o desprezo recebido, desejando ser, de novo, do mesmo modo e pela mesma pessoa, tido em pouca conta. E farás propósito de suportar com paciência coisas ainda mais graves."
Excerto do livro "Combate espiritual e o Caminho para o Paraíso"
do Ven. Servo de Deus PADRE LOURENÇO SCÚPOLI
Visite nossos blogs associados:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Este blog é eminentemente de caráter religioso e comentários que ofendam os princípios da fé católica não serão admitidos. Ao comentar, tenha ciência de que os editores se garantem o direito de censurar.