Ilustração São Pedro Ancântara, óleo sobre tela, século XVII, Igreja de São João de Deus - Bogotá (Colômbia) |
"Se queremos, portanto, agradar a Deus e alcançar a
salvação, devemos corrigir nosso falso gosto: devemos achar satisfação naquilo
que a carne detesta e desprezar aquilo que ela apetece. Isso significou Nosso
Senhor Nosso Senhor a São Francisco de Assis, dizendo-lhe: 'Se me desejas ter
junto de ti, deves ter como amargo o que é doce e como doce o que é amargo'.
Não venhas com a objeção que alguns costumam fazer, dizendo que a perfeição não
consiste na mortificação do corpo, mas na mortificação da vontade. A isso
responde o padre Pinamonti: 'Se uma videira não dá fruto [simplesmente] por
estar protegida com uma cerca de espinhos, contudo a cerca protege os frutos',
pois 'onde não há uma cerca, será roubada a feitoria', diz o Sábio (Ecli 36,
27).
São Luís Gonzaga era de saúde muito melindrosa.
Apesar disso, era tão assíduo em crucificar o corpo, que não buscava outra
coisa senão mortificação e penitências; e como lhe dissessem uma vez que a
santidade não consiste nessas coisas, mas na abnegação de sua vontade própria,
respondeu mui sabiamente com as palavras do Evangelho: 'Deveis fazer isso e não
deixar aquilo' (Mt 23, 23). Com isso queria dizer que, ainda que seja
necessário mortificar sua vontade, não se deve deixar de mortificar o corpo,
para refreá-lo e submetê-lo à razão.
Dizia o Apóstolo: 'Castigo o meu corpo e o
reduzo à servidão' (I Cor 9, 27). Sem a mortificação da carne, é difícil
submetê-la à Lei de Deus."
“As Excelências da Mortificação”
Santo Afonso Maria de Ligório
Excerto do livro Escola da Perfeição Cristã
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