Nota do blog:
Como vivemos em tempos de crise da Igreja, devemos fazer esta devoção da maneira que nos é possível:
- Fazendo um sério exame de consciência com firme propósito de emenda e firme propósito de confessar-se quando for possível estar com um Padre Católico.
- Fazendo as orações e meditações abaixo propostas.
- Fazendo a Comunhão Espiritual.
- Viver catolicamente.
VIVA CRISTO REI!
A devoção reparadora dos cinco primeiros sábados do mês
Padre Fabrice Delestre
Preâmbulo Os dois pedidos de 13 de julho de 1917.
A 13 de junho de
1917, a Santíssima Virgem disse à Lúcia: “Jesus quer estabelecer no mundo a
devoção do meu Imaculado Coração”. Depois os três pastorzinhos viram Nossa
Senhora tendo em sua mão direita um coração cercado de espinhos. Compreenderam
que era o Coração Imaculado de Maria, ultrajado pelos pecados da humanidade,
que pedia reparação.
No dia 13 de
julho, a rainha do céu repetiu as mesmas palavras e as esclareceu fazendo dois
pedidos concretos e precisos: “Se fizerem o que vou vos dizer, muitas almas
serão salvas e haverá paz. [...] Voltarei para pedir a consagração da Rússia ao
meu Coração Imaculado e a devoção reparadora dos primeiros sábados (do mês).”
De fato, Nossa
Senhora realizou perfeitamente sua promessa:
- Ela veio pedir
expressamente a consagração da Rússia à irmã Lúcia, em Tuy, na Espanha, em 13
de junho de 1929:
É chegado o
momento em que Deus pede para o Santo Padre fazer, em união com todos os bispos
do mundo, a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração, prometendo salvá-la
por este meio. São tantas as almas que a Justiça de Deus condena pelos pecados
contra mim cometidos, que venho pedir reparação: sacrifica-te por esta
intenção e ora.
- Quanto à
devoção reparadora dos primeiros sábados do mês, Nossa Senhora veio explicar à
Lúcia, no dia 10 de dezembro de 1925, em Pontevedra na Espanha, onde a vidente
era jovem postulante à vida religiosa, nas irmãs dorotéias. Em dezembro de
1927, irmã Lúcia, por ordem de seu confessor, escreveu um relatório dessa
aparição, mas por humildade, escreveu este texto na terceira pessoa:
Dia 10 de
dezembro de 1925, apareceu-lhe a Santíssima Virgem e, ao lado, suspenso em uma
nuvem luminosa, um Menino. A Santíssima Virgem pondo-lhe no ombro a mão,
mostrou-lhe ao mesmo tempo um coração que tinha na outra mão, cercado de
espinhos. Ao mesmo tempo disse o Menino: “Tem pena do Coração de tua Santíssima
Mãe que está coberto de espinhos, que os homens ingratos a todos os momentos
Lhe cravam, sem haver quem faça um ato de reparação para os tirar”. Em seguida,
disse a Santíssima Virgem: Olha, minha filha, o Meu Coração cercado de
espinhos, que os homens ingratos a todos os momentos Me cravam com blasfêmias e
ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar, e dize que todos aqueles que
durante cinco meses, no primeiro sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada
Comunhão, rezarem um Terço, e Me fizerem quinze minutos de companhia, meditando
nos quinze mistérios do Rosário, com o fim de me desagravar, Eu prometo
assistir-lhes, na hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação
dessas almas.”
Notemos que se o
ato de consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria depende diretamente
da boa vontade da autoridade hierárquica da Igreja (papa e bispos), a devoção
reparadora dos primeiros sábados do mês foi pedida a todos os católicos. Desta prática depende a salvação de muitas
almas e mesmo a paz do mundo. Daí a importância de todo aquele que é batizado,
saber exatamente em que ela consiste.
Mas antes,
vejamos como a divina Providência preparou as almas para receber esta devoção.
Premissas de uma devoção
Nossa Senhora,
quando pediu à irmã Lúcia, em 10 de dezembro de 1925, em Pontevedra, a prática
da devoção reparadora dos cinco primeiros sábados do mês, não estava inovando:
este pedido celeste aparece como o apogeu de um movimento de piedade nascido
muito tempo antes e encorajado pela Santa Sé desde 1889.
Sábado, dia consagrado especialmente à Santíssima Virgem
Esta
tradição imemorável data, com toda certeza, dos primeiros séculos da
Igreja: a presença da Missa de Nossa Senhora nos Sábados, [1]
no missal romano de São Pio V, de 1570, mostra a antigüidade desta prática que
consiste em honrar especialmente a Santa Mãe de Deus nesse dia da semana,
depois de ter consagrado o dia da sexta feira para comemorar a paixão de Nosso
Senhor e os sofrimentos de seu Sagrado Coração.
Foi apoiando-se
nesta piedosa tradição que os membros das Confrarias do Rosário habituaram-se a
consagrar especialmente à Nossa Senhora, quinze sábados consecutivos de cada
ano litúrgico: durante esses quinze sábados, eles se aproximavam dos
sacramentos e cumpriam exercícios de piedade particulares em honra dos quinze
mistérios do santo rosário. Em 1889, o papa Leão XIII concedeu a todos os fiéis
uma indulgência plenária a ser ganha durante um desses quinze sábados.
O primeiro sábado do mês
Foi com o grande
papa São Pio X que a devoção dos primeiros sábados do mês foi aprovada e
encorajada por Roma.. Em 10 de julho de 1905, ele indulgenciou pela primeira
vez esta devoção:
“Todos os fiéis
que, no primeiro sábado ou primeiro domingo de doze meses consecutivos, consagrarem
algum tempo com a oração vocal ou mental em honra da Virgem Imaculada em sua
Conceição ganham, cada um desses dias, uma indulgência plenária. – Condições:
confissão, comunhão e oração nas intenções do soberano pontífice”.
A devoção reparadora dos primeiros sábados do mês.
Em 13 de junho de
1912, São Pio X concedia novas indulgências à devoção dos primeiros sábados do
mês, insistindo muito na intenção reparadora com a qual esta devoção devia ser
praticada:
“A fim de
promover a devoção dos fiéis para a gloriosa e imaculada Mãe de Deus, e para
favorecer o piedoso desejo de reparação dos fiéis (et ad fovendum pium reparationis
desiderium) diante das blasfêmias execráveis proferidas contra o seu augusto
nome e as celestes prerrogativas desta mesma bem-aventurada Virgem, Pio X, papa
pela divina Providência, dignou-se conceder uma indulgência plenária, aplicável
às almas dos defuntos, no primeiro sábado de cada mês, por todos aqueles que,
nesse dia, se confessarem, comungarem, cumprirem exercícios particulares de
devoção em honra da bem-aventurada Virgem Maria, em espírito de reparação como
indicado acima (in spiritu reparationis, ut supra) e rezarem nas
intenções do soberano pontífice. [2]
Notemos a
providencial coincidência das datas: 13 de junho de 1912, são cinco anos, dia
por dia antes da segunda aparição de Nossa Senhora em Fátima, durante a qual os
três pastorinhos testemunharam a primeira grande manifestação do Imaculado
Coração de Maria vendo-o “cercado de espinhos que pareciam enterrados nele”.
“Compreendemos, escreveu Lúcia sobre isto em 1941, na sua quarta
Memória, que era o Imaculado Coração de Maria ultrajado pelos pecados
da humanidade que queria reparação”.
Os termos
empregados por São Pio X anunciam quase exatamente os termos do pedido de Nossa
Senhora em Pontevedra, em 1925: nos dois casos, é sublinhada a extrema
importância da intenção reparadora, única capaz de afastar e apaziguar a cólera
de Deus.
Em Fátima e em
Pontevedra, Nossa Senhora não é, pois, inovadora: ela veio dar a ratificação do
Céu e um novo impulso a um movimento de piedade mariano enraizado na mais pura
tradição católica, para encorajar a todos nós, a participarmos dele.
A intenção reparadora, chave desta devoção.
Respondamos,
primeiramente, a uma objeção que muitas vezes escutamos da parte de pessoas
pouco esclarecidas no domínio da fé. Essas pessoas contestam esta devoção
afirmando que ela se opõe à perseverança na vida cristã: com efeito, dizem,
bastaria praticar uma só vez na vida a devoção reparadora para ter assegurado
sua salvação eterna; depois, as almas poderiam fazer o que quisessem, deixar a
prática religiosa e cair nos piores pecados, pois estariam de qualquer maneira
salvos para a eternidade! É fácil refutar esta objeção: uma alma que cumprir a
devoção reparadora com tal espírito não obteria a graça da perseverança final,
ligada por Nossa Senhora a esta prática, já que ela não a faria com reta
intenção (condição indispensável a todos nossos atos religiosos e de devoção,
para receber as bênçãos e graças de Deus) nem com o cuidado de reparar e
consolar o Coração de Maria! Tal prática equivaleria, ao contrário, em abusar
gravemente da misericórdia de Deus, utilizando a promessa da salvação eterna
feita por Nossa Senhora para legitimar todos os pecados que fossem cometidos em
seguida; isto é o pecado de presunção de sua salvação que é um dos sete pecados
contra o Espírito Santo!
Reparar pelos pecadores.
As almas que
querem praticar a devoção dos primeiros sábados do mês conforme a vontade do
Céu, devem fazê-la na intenção geral de reparar e consolar Nossa Senhora, em
substituição dos pobres pecadores que ultrajam e blasfemam contra ela:
trata-se, por caridade fraterna, de “implorar o perdão e a misericórdia em
favor das almas que blasfemam contra Nossa Senhora porque, a essas almas, a
misericórdia divina não perdoa sem reparação”.[3]
Foi isso que afirmou Nosso Senhor a Lúcia em 29 de maio de 1930, depois de ter
revelado as cinco espécies de ofensas e de blasfêmias que se trata de reparar (infra):
“Eis, minha
filha, porque motivo o Imaculado Coração de Maria me inspirou para pedir
esta pequena reparação e em consideração a ela, comover minha
misericórdia para perdoar às almas que tiveram a infelicidade de
ofendê-lo. Quanto a ti, procure sem cessar, por tuas orações e teus
sacrifícios, comover minha misericórdia em relação às pobres almas.”
Esta intenção
reparadora, movida pela caridade fraterna, deveria nos dar um grande zelo para
cumprir a devoção dos primeiros sábados não apenas cinco vezes em nossa vida,
para assegurar a salvação pessoal, mas cada primeiro sábado, a fim
de permitir a salvação eterna do maior número possível de pecadores.
Porque aí está um dos grandes objetivos da devoção reparadora ao Imaculado
Coração de Maria: “salvar almas, muitas almas, todas as almas”. [4]
Ora, o conjunto
de acontecimentos sobrenaturais de Fátima, Pontevedra e Tuy nos mostra
claramente e repetidas vezes, que são muitas as almas condenadas à eternidade:
- A 13 de julho
de 1917, os três pastorinhos têm a visão do inferno, que está longe de ser um
lugar vazio:
Nossa Senhora
mostrou-nos um grande mar de fogo [...]. Mergulhado nesse fogo, os demônios e
as almas [...] almas flutuavam no incêndio, levadas pelas chamas, que delas
mesmas saíam, com nuvens de fumo caindo para todos os lados, semelhante ao cair
das fagulhas nos grandes incêndios, sem peso nem equilíbrio, entre gritos e
gemidos de dor e de desespero que horroriza e fazia estremecer de pavor. [5]
- A 19 de agosto
de 1917, no fim da aparição, Nossa Senhora diz aos três videntes:
Rezai, rezai
muito e fazei sacrifícios pelos pecadores; que vão muitas almas para o inferno
por não haver quem se sacrifique e peça por elas. [6]
- A 13 de junho
de 1929, na aparição de Tuy, Nossa Senhora concluiu a teofania trinitária com a
qual Lúcia foi gratificada, por essas terríveis e surpreendentes palavras:
São tantas as
almas que a Justiça de Deus condena por pecados contra mim cometidos que venho
pedir reparação. Sacrifica-te por esta intenção e reza.
Irmã Lúcia sempre
afirmou que o número de almas danadas era muito grande. Ela conclui assim sua
carta para um jovem, tentado a abandonar o seminário: “Não se surpreenda se
falo tanto do inferno. Esta é uma verdade que é necessária lembrar muito nos
tempos presentes, porque é esquecida: é um turbilhão de almas que caem no inferno.
Então, o senhor não acha que são bem empregados todos os sacrifícios que é
preciso fazer para não ir para lá e para impedir que muitos outros caiam lá?”.
[7]
E ao Padre Lombardi que, em outubro de 1953, a interrogou sobre o inferno, ela
respondeu: “Padre, numerosos são aqueles que são condenados.[...] Padre,
muitos, muitos se perderão.”
Obter a conversão de um pecador
É também louvável
e frutífero praticar esta devoção para obter a conversão desse ou daquele
grande pecador de nossas relações. A carta da irmã Lúcia ao bispo titular de
Gurza, de 27 de maio de 1943, já citada, esclarece muito bem sobre o poder e
eficácia sobrenatural da devoção aos Santíssimos Corações de Jesus e Maria:
“Os
Santíssimos corações de Jesus e Maria amam e desejam este culto [para com o
Coração de Maria] porque dele se servem para atrair todas as almas a eles e
isto é tudo o que desejam: salvar as almas, muitas almas, todas as almas”.
Nosso Senhor me dizia, há alguns dias: “Desejo ardentemente a propagação do
culto e da devoção ao Coração de Maria porque este Coração é o ímã que atrai as
almas para mim, a fornalha que irradia na terra os raios de minha luz e de meu
amor, fonte inesgotável de onde brota na terra a água viva de minha
misericórdia”.
Pondo toda sua
confiança no Imaculado Coração de Maria, muitos católicos portugueses
praticaram a devoção reparadora dos cinco primeiros sábados em favor de um
próximo, grande pecador e bem afastado da vida cristã. Entre outros, este belo
testemunho de uma senhora de Guimarães (norte de Portugal), publicado no
boletim de agosto de 2001 da Cruzada Eucarística das crianças de Portugal: esta
mulher conta que ela tinha um irmão repatriado de Moçambique, que era um
revoltado e um blasfemador. Tinha abandonado a esposa legítima para viver com
outra mulher, da qual tinha dois filhos. Para obter do Imaculado Coração de
Maria a sua conversão, sua irmã fez por ele e em seu lugar, a devoção dos cinco
primeiros sábados do mês:
“No começo de
agosto de 1981, meu irmão estava muito mal. Quando lhe perguntaram se queria
ver um padre, proferiu blasfêmias contra os padres. Como a doença se agravava,
deu entrada em um hospital de Braga. Os outros doentes diziam que ele não tinha
um momento de repouso, nem de dia, nem de noite e que não deixava ninguém em
paz. Para grande estupefação de todos, em 18 de agosto de 1981, pediu várias
vezes um padre. Dois padres vieram administrar os últimos sacramentos.
Imediatamente depois que eles saíram inclinou a cabeça para o lado e morreu.
Sem dúvida, foi o Coração Imaculado de Maria que salvou meu pobre irmão, que
fora tão pecador. Não queria olhar para ele depois de morto, temendo ver seu
rosto deformado como o tinha durante sua doença. Mas não pude resistir e me
aproximei durante a missa, que teve lugar na capela do hospital. Ele não
parecia o mesmo homem! Estava tão bonito, sorridente. Parecia que sua amargura
se transformara em alegria”.
O que é preciso
fazer
Uma alma cristã
que deseje realizar perfeitamente a devoção reparadora dos primeiros sábados do
mês deve fazer, durante cinco primeiros sábados consecutivos, na intenção geral
de reparar seus próprios pecados e os de toda a humanidade, junto ao Coração
Imaculado de Maria, quatro atos diferentes de piedade:
1 - A confissão, que pode ser antecipada, até
mesmo mais de oito dias, se for impossível ou muito difícil se confessar no
primeiro sábado. O mais importante é ter a intenção, se confessando, de reparar
o Coração Imaculado de Maria. (É preciso também, naturalmente, estar em
estado de graça no primeiro sábado do mês a fim de fazer uma boa e frutífera
comunhão.) A intenção reparadora deve ser dita ao confessor? Irmã Lúcia nunca
mencionou se é preciso dizer alguma coisa ao padre. Uma formulação interior,
puramente mental, é suficiente. Nosso Senhor até mesmo acrescentou que aqueles
que esquecessem de formular a intenção reparadora “poderão formulá-la na
confissão seguinte, aproveitando a primeira ocasião que tiverem para se
confessar.” [8]
2 – Recitação do terço: Nossa Senhora, em Fátima, insistiu
muito na recitação quotidiana do terço. Foi esse o único pedido que ela repetiu
para as crianças em todas as seis aparições, de 13 de maio a 13 de outubro de
1917: nesse dia revelou aos pastorinhos sua identidade: “Sou Nossa Senhora do
Rosário”. Não é, pois, de espantar que a recitação do rosário seja encontrada
na devoção reparadora dos primeiros sábados . Além disso, como não existe
oração vocal mais mariana do que o terço, convém que este seja integrado a essa
devoção já que se trata de reparar as
ofensas feitas à Nossa Senhora e a seu Coração Imaculado.
3 – Os 15 minutos de meditação
sobre os 15 mistérios do rosário: Trata-se de “fazer companhia a Nossa Senhora durante15
minutos, meditando sobre os 15 mistérios do rosário, em espírito de reparação”.
Isto não quer
dizer que se deva meditar todo primeiro sábado sobre os 15 mistérios em sua
totalidade, passando um minuto em cada mistério. Ao contrário, cada alma está livre para organizar seu
quarto de hora de meditação como entender, desde que o objeto da meditação seja
os mistérios do rosário. Algumas almas preferirão meditar o mesmo mistério
durante vários primeiros sábados, outras um mistério diferente cada primeiro
sábado, outras ainda três mistérios cada primeiro sábado (cinco minutos por
mistério), etc. Sendo as almas diferentes umas das outras, é normal que tenham
gostos e necessidades espirituais diferentes; é por isso que a Igreja sempre
teve o cuidado de deixar aos fiéis uma grande amplidão para cada um organizar
sua vida espiritual.
4 – A comunhão, que é o ato essencial da devoção
reparadora. Para compreender bem toda sua importância, convém colocá-la em
paralelo com a comunhão das nove primeiras sextas-feiras do mês, pedidas pelo
Sagrado Coração em Paray-le-Monial e com a comunhão milagrosa dos três
pastorinhos de Fátima, no outono de 1916: o
Anjo da Guarda de Portugal deu então a esta comunhão um espírito eminentemente
reparador, repetindo seis vezes com as crianças (três vezes antes da comunhão e
três vezes depois) as palavras que são chamadas a segunda oração do Anjo:
“Santíssima
Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, eu vos adoro profundamente e vos ofereço
o preciosíssimo Corpo, Sangue Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em
todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e
indiferenças com que ele mesmo é ofendido; e pelos méritos infinitos de seu Sacratíssimo
Coração e do Imaculado Coração de Maria, peço-vos a conversão dos pobres
pecadores.”
No contexto da
atual crise da Igreja é certo que esta intenção reparadora toma uma nova
dimensão: quantas irreverências, sacrilégios são causadas pela reforma litúrgica
de Paulo VI: não apenas pela comunhão dada na mão, como também distribuída a
todos os assistentes sem nunca lembrar a necessidade do estado de graça; pela
supressão das marcas de adoração ao Santíssimo Sacramento, etc. Hoje, a
comunhão dos primeiros sábados deve ser feita para reparar todas essas
profanações.
Um último ponto
importante: a prática da devoção reparadora em seu conjunto “será aceita no
domingo que segue o primeiro sábado, quando meus padres, por motivos justos, o
permitirem às almas.” [9]
É pois, aos padres, e não à consciência individual de cada um, que Jesus confia
o cuidado de conceder esta facilidade suplementar, tão misericordiosa. Por essa
concessão, talvez Nosso Senhor fizesse alusão a estes tempos em que estamos,
onde não é sempre fácil aos fiéis assistir à verdadeira missa no sábado. Em
todo caso, esta disposição torna mais fácil a prática da comunhão reparadora
para os católicos fiéis de hoje.
Disposições
requeridas
É muito simples
praticar a devoção reparadora dos primeiros sábados do mês. Está ao alcance de
toda alma que põe um mínimo de generosidade na base de sua vida cristã, ainda
mais que o Céu deu uma grande amplidão para a confissão e a comunhão.
Infelizmente, muitas vezes, a ignorância, a moleza espiritual e a negligência
se conjugam para afastar as almas, mesmo as mais fiéis, desta prática que, no
entanto, é tão salutar, já que Nossa Senhora a ligou à perseverança final e à
salvação eterna: “Prometo assisti-las
na hora da morte com todas as graças necessárias à sua salvação.” [10]
A desproporção
entre a pequena devoção pedida (os primeiros sábados de cinco meses
consecutivos, uma só vez na vida!) e a graça prometida (a salvação eterna de
sua alma) ilustra de maneira estrondosa o grande poder de intercessão concedido
à Virgem Maria para a salvação de nossas almas: Nossa Senhora é
verdadeiramente, em virtude de sua maternidade divina, nossa advogada e nossa
medianeira junto ao coração de Deus. Padre Alonso, claretiano espanhol
que foi o grande especialista de Fátima até sua morte em 1982, escreveu sobre
este assunto:
“A grande promessa
[da salvação eterna] não é nada mais do que uma nova manifestação deste amor de
complacência da Santíssima Trindade para com a Virgem Maria. Para aquele que
compreende isto é fácil admitir que a humildes práticas estejam ligadas
maravilhosas promessas. Ele se entrega então filialmente a elas com um coração
simples e confiante na Virgem Maria.” [11]
Em algumas linhas
o Padre Alonso nos desvenda algumas boas
disposições necessárias para fazer bem esta devoção:
- uma grande simplicidade
e humildade de coração;
- uma devoção marial
inteiramente filial e cheia de confiança.
O Menino Jesus,
aparecendo à irmã Lúcia em 15 de fevereiro de 1926, nos dá a terceira
disposição necessária:
- um fervor profundo.
Com efeito, nesse
dia, irmã Lúcia dirigiu estas palavras ao Menino Jesus:
“Mas meu
confessor dizia em sua carta que esta devoção não fazia falta ao mundo porque
já havia muitas almas que vos recebia todo primeiro sábado, em
honra de Nossa Senhora e dos quinze mistérios do rosário”.
O Menino Jesus
lhe respondeu:
“É verdade,
minha filha, que muitas almas começam, mas poucas vão até o fim; e aquelas que
perseveram, não fazem para receber as graças que estão prometidas. As almas que
fazem os cinco primeiros sábados com fervor e com o fim de reparar o Coração de
tua Mãe do Céu me agradam mais do que aquelas que fazem quinze, sem ardor e
indiferentes”.
Para falar agora
da quarta disposição requerida para esta prática é preciso lembrar que o Céu
nos pede cinco primeiros sábados de cinco meses consecutivos, e não nove, doze
ou quinze. Porque este número? Lúcia perguntou a Nosso Senhor durante uma Hora
Santa, em 29 de maio de 1930, em Tuy, e lhe foi respondido:
“Minha filha,
o motivo é simples. Há cinco espécies de
ofensas e de blasfêmias proferidas contra o Coração Imaculado de Maria:
1 – as blasfêmias contra a
imaculada conceição da Virgem Maria;
2 – as blasfêmias contra sua
virgindade;
3 – as blasfêmias contra sua maternidade
divina, recusando ao mesmo tempo reconhecê-la como mãe dos homens;
4 – as blasfêmias daqueles que
procuram publicamente por no coração das crianças a indiferença ou o desprezo,
ou mesmo o ódio em relação a esta Mãe imaculada;
5 – as ofensas dos que a ultrajem
diretamente nas suas santas imagens.
Ai está, minha filha, o motivo pelo
qual o Coração Imaculado de Maria me inspirou para pedir esta pequena
reparação”.
Como, hoje em
dia, não pensar nos ataques à dignidade, aos privilégios, às honras devidas à
Virgem Maria, perpetradas pelos próprios homens da Igreja? Lembremos o que se
passou no concilio Vaticano II, onde, longe de definir a mediação universal e a
corredenção de Nossa Senhora, como muitos pediam, os bispos progressistas
conseguiram fazer rejeitar o esquema sobre a Virgem Maria para pô-lo como
simples anexo no esquema sobre a Igreja e isto para agradar aos protestantes;
triste concílio, onde nem mesmo um só texto cita o terço como devoção a ser
encorajado junto aos fiéis. Seguiu-se uma diminuição considerável do culto
mariano em toda a Igreja. A impiedade da nova religião para com Nossa Senhora é
certamente para ser incluída na intenção reparadora daqueles que praticam a
devoção dos primeiros sábados.
Notemos que as
três primeiras espécies de blasfêmias que se trata de reparar vão contra três
dogmas de fé definidos. Pode-se então acrescentar uma quarta disposição às três
já citadas:
- convém fazer esta
devoção reparadora com espírito de fé e para pedir a Nossa Senhora a insigne
graça de conservar a verdadeira fé católica em nossas almas, até a hora da
nossa morte, no meio da apostasia geral do mundo que nos cerca, nutrido por
utopias malsãs, de revoltas e de impiedade.
Tomemos a peito
reparar a honra de Nossa Senhora, tão ultrajada pela ingratidão dos homens e
para isso utilizemos a devoção que ela mesmo veio nos indicar, pedindo-lhe com
insistência e perseverança as boas disposições de alma para bem praticá-la.
Revista Le Sel de la Terre, nº 53
[11] - Padre Joaquim
Maria ALONSO, La gran promesa Del corazon de Maria en Potevedra, Madri,
Centro Mariano, 1977, p.45.
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