I.
HUMILDADE
DE MARIA
Parte 2
(...)
4. É próprio do humilde prestar serviços.
Maria não se negou a servir Isabel durante três
meses. Escreve S. Bernardo: “Admirou-se
Isabel da vinda de Maria, porém mais admirável
ainda era o motivo de sua vinda: vinha para servir e não para ser servida.”
5. O humilde gosta de uma vida retirada e despercebida
Lembra-nos São Bernardo, quando Jesus pregava
numa casa e ela desejava falar com ele. Não se animou a entrar. Ficou de fora e
não confiou no prestígio de mãe, mas
evitou de interromper a pregação do filho. (MT 12,46).
Quis
também tomar o último lugar, quando estava no cenáculo com os
apóstolos. “Todos perseveravam de comum acordo
em oração com as mulheres, e Maria, Mãe de Jesus” (At 1,14). Bem conhecia
São Lucas qual o mérito da Divina
Mãe, devendo nomeá-la
antes de todos.
Porém, de fato
Maria tinha tomado
o último lugar,
depois dos apóstolos e das santas
mulheres. São Lucas, na opinião de um
autor- os nomeou a todos e por
último a Virgem, segundo o lugar que ocupava.
Diz São Bernardo: “Com razão tornou-se a primeira a que era a última porque, sendo a primeira
se fizera a última”.
6. Os humildes amam finalmente os desprezos
Eis porque não se lê que Nossa Senhora aparecesse em Jerusalém ao
domingo de Ramos, quando o seu Filho
foi recebido com
tanta pompa pelo
povo. Mas, por ocasião
da morte de
Jesus, não receou
comparecer em público no
Calvário, aceitando assim a desonra de se dar a conhecer por mãe de um
sentenciado, que ia sofrer a morte de um criminoso.
Ela mesma disse uma vez a S. Brígida: “que há de mais humilde, do que ser chamado
de louco, sofrer privação de tudo e ter a si mesmo por último de todos? Ó
filha, era assim a minha humildade, na qual estava minha alegria e todo desejo
de meu coração; pois minha única
preocupação era ser em tudo semelhante a meu Filho.”
O Senhor mostrou um dia a S. Brígida duas mulheres: uma toda luxo e vaidade.
Esta –
disse Ele – é a soberba.
Contempla essa que tem a cabeça baixa, que é serviçal para com
todos, pensando em Deus unicamente e convencida do seu nada: é a Humildade e
chama-se Maria.
Diz S. Bernardo: “Se não podes imitar a humilde
Virgem em sua pureza, imita ao menos a pura Virgem em sua humildade”. Ela aborrece os soberbos e só chama a si os
humildes diz o Santo Ricardo de S. Lourenço: “Maria protege-nos
sob o manto
da humildade”. O
mesmo quis dizer
ela a Santa
Brígida quando falou:
“Vem também tu minha filha,
esconde-te debaixo do meu manto, que é a humildade”. Acrescentando que a meditação de sua
humildade era um manto bom e aquecedor.
Um manto aquece só quem o traz, não em
pensamento, mas em realidade. Assim
também minha humildade aproveita só aqueles que se esforçam por imitá -la.
Martinho d’Alberto, jesuita, costumava varrer a casa e ajuntar o lixo por amor da Virgem,
apareceu-lhe um dia a Mãe de Deus, refere o Padre Nieremberg, agradeceu-lhe
esse obéquio, dizendo: “Como me é agradável a humilde ação que
praticas por amor de mim”.
Oração: “Ó minha Rainha, não poderei ser vosso filho,
se não for humilde. Não vedes, porém, que meus pecados, depois de me terem
tornado ingrato(a) ao meu Senhor, me tornaram também soberbo(a)? Ó minha Mãe, remediai
a este mal e, pelos merecimentos de vossa humildade, impetrai-me a graça de ser
humilde e tornar-me vosso(a) filho(a). Amém”
Excerto do Livro “Glórias de Maria”
de Santo Afonso de
Ligório
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