II. SUA CARIDADE PARA COM DEUS
1. Deu o Senhor aos homens o preceito: “amarás
ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração (MT 22,37) Quem como ela
cumpriu o preceito de amar a Deus de todo o coração? Tão intenso era-lhe o
incêndio do amor divino, que não restava lugar para a menor imperfeição.
De
tal modo o amor divino feriu a alma de Maria, diz S. Bernardo, que não restava lugar para menor imperfeição.
Até os serafins, exclama Ricardo de S. Vitor, podiam descer do céu para
aprender no coração de Maria a maneira de amar a Deus.
Diz S.
Bernardino: “Assim como
de um intenso
fogo fogem as
moscas, assim do
coração de Maria, fogueira de caridade, eram expulsos os
demônios, de modo que nem tentavam aproximar-se dele. Os príncipes das trevas
de tal maneira temiam a Virgem Santíssima, que nem ousavam chegar -se para
tentá-la, porque as chamas de sua caridade os afugentavam.”
Nem
o sono impedia a Mãe de Deus de amar seu Criador. Tal privilégio foi concedido
aos nossos primeiros pais no estado de inocência. Santo Ambrósio afirma: Enquanto seu corpo repousava, vigiava sua
alma. Realizou -se assim na Virgem a passagem dos Provérbios: “A sua candeia não se apagará” (31,18).
E
já que Maria ama tanto a seu Deus, nada exige de seus servos senão que o amem,
tanto quanto possível.
Disse
ela à Bem aventurada Ângela de Foligno, que havia comungado: Ângela, abençoada sejas por meu Filho, e procura
amá-lO quanto puderes. Igualmente falou a Santa Brígida: Filha,
se queres prender-me a ti, ama a meu Filho.
III. SUA CARIDADE PARA COM O PRÓXIMO
O
amor para com Deus e para com o próximo nos é imposto pelo mesmo preceito: “E nós temos de Deus este mandamento que o
que ama a Deus ame também o seu irmão” (1Jo4,21).
Passou Maria
uma vida tão
cheia de caridade
que socorria aos
necessitados, ainda que
não lhe pediam solícito auxílio. Assim o fez por exemplo nas bodas de Cana.
Com as palavras “eles não tem vinho”,
rogou ao filho livrasse milagrosamente os esposos do inevitável vexame.
Quando movida
pelo dever de caridade,
foi assistir Izabel,
diz o Evangelho
que então “teve pressa
em passar pelas montanhas”.
Mais brilhante prova de caridade
não nos pode dar, do que oferecendo seu Filho a morte pela
nossa Salvação. Tanto amou o mundo, que, para salva-lo, entregou à morte Jesus,
o seu Filho Unigênito.
Também
o anjo falou a S. Brígida que não há
quem recorra a Maria sem receber graças de sua caridade.
Lemos no
livro do Provérbios
19,17: “O que se
compadece do pobre
da o seu
dinheiro a juros
ao Senhor”. Explicando esta
passagem diz S. João Crisóstomo: “Quem ajuda ao próximo, tem a Deus por
devedor”.
Excerto do Livro “Glórias de Maria”
de Santo Afonso de
Ligório
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