“Ora, para conservar em ti este espírito de temor, de
dor e de desejo, exerce-te extermente numa perfeita
modéstia, justiça e piedade, afim de que, segundo escreve o Apóstolo,
"renunciando à impiedade e às paixões mundanas, vivas sóbria, justa e
piedosamente neste século".
Exerce-te numa perfeita modéstia para que, segundo a doutrina do Apóstolo, "a tua modéstia seja conhecida por todos os
homens".
Exerce-te primeiro na modéstia da parcimônia no comer e
vestir, no dormir e vigiar, no recreio e no trabalho, não excedendo a medida em
coisa alguma.
Depois, exerce-te na modéstia da disciplina, com
moderação no silêncio e no falar, na tristeza e na alegria, na clemência e
no rigor, conforme as circunstâncias o exigem e a sã razão o prescreve.
Finalmente, exerce-te na
modéstia da civilidade, regulando,
ordenando e compondo as ações, os movimentos, os gestos, as vestes, os membros
e sentidos, conforme requer a educação moral e o costume na ordem, para que
merecidamente pertenças ao número daqueles aos quais o Apóstolo diz: "Faça-se tudo entre vós com decência e ordem".
Excerto do livro "A direção da alma e a vida
perfeita"
Por São Boaventura
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