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quinta-feira, 23 de junho de 2016

A PEQUENA VIRTUDE DA GRATIDÃO - Parte 2





A PEQUENA VIRTUDE DA GRATIDÃO


(excertos do Livro: “As pequenas virtudes do Lar”, 
de Georges Chevrot)




PARTE 2



Uma das primeiras palavras articuladas por uma criança é “não”. Essa, nem é preciso ensina-lhe; mas quantas repetições são necessárias para inculcar-lhe o hábito de dizer: “obrigado”! Por instinto, só se estende a mão para receber: “mais, mais...

Mas o agradecimento não brota das obscuras regiões do instinto; procede de uma consciência iluminada pela educação. Muitos adultos, neste aspecto, permanecem crianças durante toda a vida. Nunca se satisfazem, pedem sempre mais, e ainda reclamam. Insaciáveis, tornam-se infelizes, entristecem e cansam os outros, sempre com novas exigências. Como levá-los a reconhecer que o que lhes falta é muito pouco diante de tudo o que receberam? E, sobretudo, como persuadi-los a apreciar mais o que possuem?

Obrigado” é uma pequena palavra alegre, é a palavra mágica que introduz no lar a delicadeza, a boa ordem e a serenidade.

Obrigado” é a oração que se eleva de um lar cristão até Deus, a fim de lhe dar graças. Temos consciência do lugar que esse ato de gratidão ocupa em nossas orações habituais? Pensemos nisto: não há um só dia em que Deus não nos conceda algum benefício especial; mesmo nos dias mais atribulados, observemos bem e veremos que, ao lado das nossas penas, há uma pequena alegria. E por acaso não é uma grande felicidade a união que reina no lar de cada um? Vós, que vos amais, agradecei muitas vezes a Deus esse dom.

Mas devemos saber dirigir também aos outros essa pequena palavra que nos custa tão pouco fizer, e que é tão agradável de ouvir. Antes de nos deitarmos, repassemos mentalmente tudo aquilo que recebemos dos outros no dia que acaba. De todos os outros, porque são muitos os homens e mulheres que trabalham diariamente para nos alimentar e vestir, para nos proporcionar as comodidades da existência.

Mesmo que limitemos esse cálculo aos membros da família, ficaremos literalmente maravilhados diante de tudo o que recebemos deles num só dia: tudo o que os pais ensinaram aos filhos; os conselhos que lhes deram; o braço forte com que os ampararam na hora certa; aqui um encorajamento, acolá uma repreensão, mas sempre para o nosso bem; uma palavra afetuosa que nos comoveu, uma brincadeira que dissipou nossa tristeza; os sucessos de um ou do outro, de que nós nos orgulhamos; os seus esforços, que estimularam os nossos.

É uma soma grande, a de tudo aquilo que cada um recebe dos outros no lar. Aí temos o motivo para nos decidirmos a não ser sempre dos que só recebem. Perguntemo-nos: “Que é que eu lhes dei? Que posso dar-lhes em troca?

Mas enquanto aguardamos a ocasião de servi-los com generosidade igual à deles, não nos esqueçamos de ir dizendo “obrigado” em todas as oportunidades.

Não será sempre esta a marca de um coração generoso: mostrar-se agradecido aos outros, por pouco que estes tenham procurado fazer por ele?

Os ingratos alinham-se entre os corações egoístas, os espíritos mesquinhos e os caráteres medíocres. A pequena virtude da gratidão é prova de um coração grande.

Sejamos agradecidos mesmo com os que se comportam desastradamente conosco ou com os que se enganam a nosso respeito, ao menos pela sua boa intenção







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