A PEQUENA VIRTUDE DA GRATIDÃO
(excertos do Livro: “As pequenas virtudes do
Lar”,
de Georges Chevrot)
PARTE
2
Uma
das primeiras palavras articuladas por uma criança é “não”. Essa, nem é preciso ensina-lhe; mas quantas repetições são
necessárias para inculcar-lhe o hábito de dizer: “obrigado”! Por instinto, só se estende a mão para receber: “mais, mais...”
Mas
o agradecimento não brota das obscuras regiões do instinto; procede de uma consciência iluminada
pela educação. Muitos adultos, neste aspecto, permanecem crianças durante
toda a vida. Nunca se satisfazem, pedem sempre mais, e ainda reclamam. Insaciáveis, tornam-se infelizes,
entristecem e cansam os outros, sempre com novas exigências. Como
levá-los a reconhecer que o que lhes falta é muito pouco diante de tudo o que
receberam?
E, sobretudo, como
persuadi-los a apreciar mais o que possuem?
“Obrigado” é uma pequena palavra
alegre, é a palavra mágica que introduz no lar a delicadeza, a boa ordem e a
serenidade.
“Obrigado” é a oração que se
eleva de um lar cristão até Deus, a fim de lhe dar graças. Temos consciência do lugar que esse ato de gratidão ocupa em nossas
orações habituais? Pensemos nisto: não há um só dia em que Deus não nos
conceda algum benefício especial; mesmo nos dias mais atribulados, observemos
bem e veremos que, ao lado das nossas penas, há uma pequena alegria. E por
acaso não é uma grande felicidade a união que reina no lar de cada um? Vós, que
vos amais, agradecei muitas vezes a Deus esse dom.
Mas
devemos saber dirigir também aos outros essa pequena palavra que nos custa tão
pouco fizer, e que é tão agradável de ouvir. Antes de nos deitarmos, repassemos mentalmente tudo aquilo que
recebemos dos outros no dia que acaba. De todos os outros, porque
são muitos os homens e mulheres que trabalham diariamente para nos alimentar e
vestir, para nos proporcionar as comodidades da existência.
Mesmo
que limitemos esse cálculo aos membros da família, ficaremos literalmente
maravilhados diante de tudo o que recebemos deles num só dia: tudo o que os
pais ensinaram aos filhos; os conselhos que lhes deram; o braço forte com que
os ampararam na hora certa; aqui um encorajamento, acolá uma repreensão, mas sempre para o nosso bem; uma palavra
afetuosa que nos comoveu, uma brincadeira que dissipou nossa tristeza; os
sucessos de um ou do outro, de que nós nos orgulhamos; os seus esforços, que
estimularam os nossos.
É
uma soma grande, a de tudo aquilo que cada um recebe dos outros no lar. Aí
temos o motivo para nos decidirmos a não ser sempre dos que só recebem. Perguntemo-nos: “Que
é que eu lhes dei? Que posso dar-lhes em troca?”
Mas
enquanto aguardamos a ocasião de servi-los com generosidade igual à deles, não
nos esqueçamos de ir dizendo “obrigado”
em todas as oportunidades.
Não
será sempre esta a marca de um coração generoso: mostrar-se agradecido aos
outros, por pouco que estes tenham procurado fazer por ele?
Os
ingratos alinham-se entre os corações egoístas, os espíritos mesquinhos e os
caráteres medíocres. A pequena virtude da gratidão é prova de um coração
grande.
Sejamos agradecidos mesmo com os que
se comportam desastradamente conosco ou com os que se enganam a nosso respeito,
ao menos pela sua boa intenção.
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