Salve Maria,
Daremos sequência à publicação de textos retirados do livreto do Pe. Quadrupani: "Direção para viver cristãmente". São dicas valiosas, instrutivas e animadoras para nos auxiliar na prática da vida cristã. Aproveitem!
Viva Cristo Rei!
DIREÇÃO PARA VIVER CRISTÃMENTE
Rev. Padre Quadrupani - Barnabita.
Capítulo I - Relações com Deus
Os deveres do cristão para com Deus reduzem-se a pratica da religião, e, por conseguinte, a aperfeiçoar-se, sobretudo no uso da oração, no modo de ouvir a missa, na frequência da confissão e da comunhão, na leitura espiritual e na santificação dos dias santos. Toquemos rapidamente todos estes diversos assuntos.
DA CONFISSÃO, COMUNHÃO E LEITURA ESPIRITUAL.
1) A confissão
é um dos meios mais poderosos
para justificar e consolar
os pobres pecadores que
desejam mudar de
vida.
2) Aprovo
que vos confesseis ao menos todos os quinze dias e todas
as vezes que
houver necessidade.
3) Quanto ao exame
de consciência para quem
se confessa todos os
oito dias, basta
um quarto de hora, diz
S. Francisco de Sales.
Será bom que
vos confesseis da
tarde para a noite,
a fim de terdes
a manhã para
vos preparardes mais comodamente para a Santa Comunhão.
4) A
narração minuciosa das vossas
faltas não é
o que as
apaga, da mesma
sorte que a exata
enumeração das dividas não
solve um real
ao devedor. Além
disso, o vosso
confessor conhece já
o estado da vossa
alma e as
vossas faltas habituais.
Um exame muito
minucioso só servirá
para fatigar-vos o espirito e dessecar-vos o coração.
5) Deveis
ter uma vontade decidida de
evitar todos os pecados, mas, sobretudo os que
dizem respeito ao vosso
defeito dominante.
6) A
alma que habitualmente
não quer o
pecado está habitualmente contrita;
não lhe será, pois difícil
ter a contrição atual. Não
sabeis se a
tendes, não a sentis,
porque ordinariamente ela
não é sensível,
isto é, não impressiona
os sentidos, nem a
parte afetiva da
nossa alma; mas tendes
a contrição, porque a
vossa vontade repele
o pecado, e
é nisso verdadeiramente que consiste a
contrição. O pesar de
não aborrecerdes o
pecado, como conviria, nasce
do vosso ódio contra
ele, como o
desejo de amar a Deus procede do
amor que lhe tendes.
7) Fazei
a vossa confissão todas às
vezes, como se
fosse a derradeira, pois
que pode sê-lo com
efeito; e dizei
então o que diríeis,
se fosseis disso
advertido. Dizei com clareza,
confiança e sem rodeios
todas as vossas
faltas, especialmente as
que vão contra a
pureza. Lembrai-vos de que
falais a Deus,
a quem nada se
lhe esconde. Fugi
de querer ser teólogo ou de ocultar alguma coisa
nesta matéria.
8) Confessai-vos,
não como vós o entendeis,
mas como quer o
vosso diretor. Deste
modo, as vossas confissões
satisfarão menos o amor próprio,
mas agradarão mais a
Deus. Parecer-vos-á estar menos contente, mas tereis colhido
muito mais merecimentos.
9) O
melhor e mais
seguro meio para conhecerdes
se estais na graça
de Deus, diz
S. Tomás, e
por consequência se as
vossas faltas cometidas
estão perdoadas, é
considerar na vossa vida
presente. Se o
passado vos desagrada, se não recaís
nas faltas antigas, é um
sinal de que o
mal desapareceu e
que a graça do
Senhor está em
vós. Se as raízes do vosso coração estivessem ainda
viciosas como outrora, produziriam
os mesmos frutos.
Tal é a reflexão
de S. Francisco
de Sales. Esta consideração
baste para vos tranquilizar
sobre o passado.
10) A
comunhão frequente é um
dos meios mais eficazes
para progredir na
perfeição. “Se os mundanos
vos perguntarem por que comungais
tantas vezes, respondei-lhes que
é para aprenderdes a amar a
Deus, para vos purificardes
das imperfeições, livrar-vos
das misérias, consolar-vos nas aflições,
em fim para vos sustentardes nas fraquezas. As pessoas
que no mundo tem poucas
ocupações devem-no fazer, porque
tem tempo para isso;
as que estão sobrecarregadas de
trabalhos devem fazer por
necessidade, porque quem se cansa
muito, quem é muito
ocupado, precisa de uma alimentação
mais sólida mais frequente”.
11) A
preparação para a comunhão
é ou remota
e habitual ou
próxima. A primeira consiste em purificar
o coração pelo ódio
ao pecado, e entreter
nele um vivo desejo
de se nutrir
deste celestial alimento.
12) A
preparação próxima é-nos indicada
por estas palavras
de S. Francisco
de Sales: Devemos levar
para a comunhão
um coração abrasado
em amor. “Esqueçamos, pois todas as criaturas,
para não pensarmos
senão no Criador
que vamos receber.
13) Ӄ
necessário, além disso, continua
o mesmo Santo, entregarmo-nos totalmente à Providência Divina,
não só pelo
que toca aos bens temporais, mas, sobretudo pelo
que diz respeito aos nossos interesses
espirituais; é preciso renunciarmos, na presença da bondade
divina, às nossas
afeições, desejos e inclinações, para submetê-las inteiramente. Estejamos certos
de que da Sua
parte Nosso Senhor
cumprirá a promessa que
nos fez, de elevar a
nossa baixeza até
que chegue a unir-se
a Sua grandeza”.
14) Uma só comunhão basta
para nos santificar; “ mas o verdadeiro motivo
pelo qual não somos santificados é porque Nosso Senhor acha
os nossos corações cheios de
desejos, de afeições e de
pequenas vontades... Ele
quer acha-los vazios para
se tornar Senhor deles.” Logo, antes e depois da comunhão entreguemo-nos a Deus, não aspiremos senão ao Seu amor e ao Seu
querer, com simplicidade,
desapego e generosidade.
15) Na véspera da
comunhão recitai frequentes
orações jaculatórias, que respirem
santos e afetuosos desejos
e uma plena confiança de
que sereis santificados.
No próprio dia
da comunhão devem
elas exprimir o vosso reconhecimento, adoração e confiança em
Deus. Todavia fazeis
isto sem violência,
sem grande esforço,
mas de um modo
doce e afetuoso.
16) Se, pois
vos esquecerdes das orações
jaculatórias, não vos inquieteis. Esperai
que Deus vos fará a graça de vos
lembrardes delas para outra
vez, e ficai em paz.
17) Se
vos entregardes á vontade
de Deus na santa comunhão,
sofrereis com sossego
e generosidade as securas
do espirito, sem perder
muito tempo a indagar-lhes as causas.
A alma resignada aceita tudo
como vindo de Deus: não
se exalta pela consolação nem é abatida pela
aridez. (Vide as instruções
sobre a oração).
18) Para
a vossa leitura
espiritual escolhei os livros
mais próprios para alimentarem
a vossa alma; para
este fim familiarizai-vos com a leitura das obras de S. Francisco de
Sales, e com o espirito deste santo
por Mr. Belley.
19) Fazendo
a vossa leitura espiritual dessas
obras, recebei o seu
assunto como se o próprio Deus o escrevesse.
20) Tende
por certo que as
práticas extraordinárias são
sempre suspeitas e
encobrem facilmente uma
secreta vaidade. Por isso
S. Bernardo dizia “que
a virtude consiste em
fazer coisas comuns, mas num
modo não comum”. Se nós
procuramos o extraordinário, procuremos
conservá-lo no segredo do
coração e diante
de Deus; isto é,
na reta intenção e
no amor de
Nosso Senhor ; será
verdadeiramente extraordinária aquela
alma que crer
que em si tudo
é comum.
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