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sábado, 25 de junho de 2016

DIREÇÃO PARA VIVER CRISTÃMENTE - Parte V


Salve Maria, 
Daremos sequência à publicação de textos retirados do livreto do Pe. Quadrupani: "Direção para viver cristãmente". São dicas valiosas, instrutivas e animadoras para nos auxiliar na prática da vida cristã. Aproveitem! 

Viva Cristo Rei!






DIREÇÃO PARA VIVER CRISTÃMENTE


Rev.  Padre  Quadrupani - Barnabita.



Capítulo I - Relações com Deus

 Os deveres do cristão para com  Deus  reduzem-se  a  pratica da religião,  e,  por  conseguinte,  a aperfeiçoar-se, sobretudo  no  uso da  oração,  no  modo  de  ouvir  a missa,  na  frequência  da  confissão e  da  comunhão,  na  leitura  espiritual  e  na  santificação  dos  dias santos.  Toquemos  rapidamente  todos estes  diversos  assuntos.




DA  CONFISSÃO,  COMUNHÃO  E LEITURA  ESPIRITUAL.



1)       A confissão  é um dos meios  mais  poderosos  para  justificar e  consolar  os  pobres  pecadores que  desejam  mudar  de  vida.

2)       Aprovo  que  vos confesseis ao  menos todos os quinze dias e  todas  as  vezes  que  houver  necessidade.

3)       Quanto ao exame  de consciência  para  quem  se  confessa todos  os  oito  dias,  basta  um quarto  de hora,  diz  S.  Francisco de  Sales.  Será  bom  que  vos  confesseis  da  tarde  para a  noite,  a fim  de  terdes  a  manhã  para  vos preparardes  mais  comodamente para  a  Santa  Comunhão.


4)       A  narração  minuciosa  das vossas  faltas  não  é  o  que  as  apaga,  da  mesma  sorte  que  a exata  enumeração  das  dividas não  solve  um  real  ao  devedor.  Além  disso,  o  vosso  confessor  conhece  já  o  estado  da vossa  alma  e  as  vossas  faltas  habituais.  Um  exame  muito  minucioso  só  servirá  para  fatigar-vos  o  espirito  e  dessecar-vos  o  coração.

5)       Deveis  ter  uma  vontade decidida  de  evitar  todos os pecados,  mas, sobretudo  os que  dizem respeito  ao  vosso  defeito  dominante.

6)       A  alma  que  habitualmente  não  quer  o  pecado  está habitualmente  contrita;  não  lhe será, pois  difícil  ter  a  contrição atual.  Não  sabeis  se  a  tendes, não  a  sentis,  porque  ordinariamente  ela  não  é  sensível,  isto  é, não  impressiona  os  sentidos,  nem a  parte  afetiva  da  nossa  alma; mas  tendes  a  contrição,  porque a  vossa  vontade  repele  o  pecado,  e  é  nisso  verdadeiramente que consiste a contrição.  O  pesar de  não  aborrecerdes  o  pecado, como  conviria,  nasce  do  vosso ódio  contra  ele,  como  o  desejo de  amar  a Deus procede  do  amor que  lhe  tendes.

7)       Fazei  a  vossa  confissão todas  às  vezes,  como  se  fosse  a derradeira,  pois  que  pode  sê-lo com  efeito;  e  dizei  então  o  que diríeis,  se  fosseis  disso  advertido. Dizei  com  clareza,  confiança  e sem  rodeios  todas  as  vossas  faltas,  especialmente  as  que  vão contra  a  pureza.  Lembrai-vos  de que  falais  a  Deus,  a  quem  nada se  lhe  esconde.  Fugi  de  querer ser  teólogo ou de ocultar  alguma coisa  nesta  matéria.

8)       Confessai-vos,  não como vós  o  entendeis,  mas  como  quer o  vosso  diretor.  Deste  modo,  as vossas confissões satisfarão menos o  amor  próprio,  mas  agradarão mais  a  Deus.  Parecer-vos-á  estar menos contente, mas tereis colhido muito  mais  merecimentos.

9)       O  melhor  e  mais  seguro meio  para  conhecerdes  se  estais na  graça  de  Deus,  diz  S.  Tomás,  e  por  consequência  se  as vossas  faltas  cometidas  estão perdoadas, é  considerar  na  vossa vida  presente.  Se  o  passado  vos desagrada,  se  não  recaís  nas faltas  antigas,  é um  sinal  de  que o  mal  desapareceu  e  que  a  graça do  Senhor  está  em  vós.  Se  as raízes do vosso coração estivessem ainda viciosas  como outrora,  produziriam  os  mesmos  frutos.  Tal é  a  reflexão  de  S.  Francisco  de Sales.  Esta  consideração  baste para  vos  tranquilizar  sobre  o passado.

10)  A  comunhão  frequente é  um  dos  meios  mais  eficazes para  progredir  na  perfeição. “Se os  mundanos  vos  perguntarem por que  comungais  tantas  vezes,  respondei-lhes  que  é  para aprenderdes  a  amar  a  Deus, para  vos  purificardes  das  imperfeições,  livrar-vos  das  misérias, consolar-vos  nas  aflições, em fim  para  vos sustentardes  nas fraquezas. As  pessoas  que no mundo  tem  poucas  ocupações devem-no  fazer,  porque  tem tempo  para  isso;  as  que  estão sobrecarregadas  de  trabalhos devem fazer por  necessidade, porque  quem se  cansa  muito, quem  é  muito  ocupado,  precisa de uma  alimentação  mais  sólida mais  frequente”.

11)  A  preparação  para  a comunhão  é  ou  remota  e  habitual  ou  próxima. A primeira  consiste  em purificar  o  coração  pelo ódio  ao  pecado,  e entreter  nele um  vivo  desejo  de  se  nutrir  deste celestial  alimento.

12)  A  preparação  próxima é-nos  indicada  por  estas  palavras  de  S.  Francisco  de  Sales: Devemos  levar  para  a  comunhão  um  coração  abrasado  em  amor. “Esqueçamos, pois  todas as  criaturas,  para  não  pensarmos  senão  no  Criador  que vamos receber.

13)  ”É necessário,  além  disso,  continua  o  mesmo Santo,  entregarmo-nos  totalmente à Providência  Divina,  não  só  pelo  que toca  aos  bens temporais,  mas, sobretudo  pelo  que  diz  respeito aos nossos  interesses  espirituais;  é preciso renunciarmos,  na presença da  bondade  divina,  às  nossas  afeições,  desejos e inclinações,  para submetê-las  inteiramente. Estejamos  certos  de  que  da Sua  parte  Nosso  Senhor  cumprirá a  promessa  que  nos  fez,  de elevar a  nossa  baixeza  até  que  chegue  a unir-se  a  Sua  grandeza”.

14)  Uma  só comunhão  basta  para  nos  santificar; “ mas  o verdadeiro  motivo  pelo  qual  não somos santificados é porque Nosso Senhor acha os nossos corações cheios  de desejos,  de afeições  e  de pequenas  vontades...  Ele  quer acha-los  vazios  para  se  tornar  Senhor deles.”  Logo, antes e depois da  comunhão entreguemo-nos a Deus,  não aspiremos senão ao Seu amor  e  ao  Seu  querer,  com  simplicidade,  desapego  e  generosidade.

15)  Na  véspera  da  comunhão  recitai  frequentes  orações jaculatórias,  que  respirem  santos e  afetuosos  desejos  e  uma  plena confiança  de  que  sereis  santificados.  No  próprio  dia  da  comunhão  devem  elas  exprimir  o vosso reconhecimento,  adoração e confiança  em  Deus.  Todavia  fazeis  isto  sem  violência,  sem  grande  esforço,  mas  de um  modo  doce e  afetuoso.


16)  Se, pois  vos  esquecerdes das  orações  jaculatórias,  não  vos inquieteis.  Esperai  que  Deus vos fará a graça de vos lembrardes delas  para  outra  vez,  e ficai em  paz.

17)  Se  vos  entregardes  á vontade  de  Deus  na  santa  comunhão,  sofrereis  com  sossego  e generosidade  as  securas  do espirito,  sem  perder  muito tempo a indagar-lhes as causas.  A  alma  resignada aceita  tudo  como  vindo de Deus:  não  se  exalta  pela consolação nem é abatida pela aridez.  (Vide as  instruções  sobre  a  oração).

18)  Para  a  vossa  leitura  espiritual escolhei os  livros mais próprios  para  alimentarem  a  vossa alma;  para  este  fim  familiarizai-vos com  a leitura das obras de S. Francisco  de  Sales,  e  com  o  espirito deste  santo  por  Mr.  Belley.

19)  Fazendo  a  vossa  leitura espiritual  dessas  obras,  recebei o  seu  assunto como se o próprio Deus o escrevesse.

20)  Tende  por  certo  que  as práticas  extraordinárias  são  sempre  suspeitas  e  encobrem  facilmente  uma  secreta  vaidade.  Por isso  S.  Bernardo  dizia que a virtude  consiste  em  fazer  coisas comuns,  mas num  modo  não comum”. Se nós procuramos  o  extraordinário,  procuremos  conservá-lo  no segredo  do  coração  e  diante  de Deus;  isto  é,  na  reta  intenção e  no  amor  de  Nosso Senhor ;  será verdadeiramente  extraordinária  aquela  alma  que  crer  que  em  si tudo  é  comum.



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